Janeiro_2008 - page 64

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Mude.
Você consegue!
mesmo?”Certo? Pois essa é parte
da verdade. Somos seres sociais
e sociáveis. Nossa identidade é
constituída por meio da relação
com o outro, com a sociedade,
da interação com omeio, é desta
maneira que a pessoa vai cons-
truindo a sua auto-imagem. Os
processos de socialização tornam-
se elementos de grande importân-
cia, pois atribuem ao sujeito um
sentimento de pertença a grupos
(de pertença ou de referência),
que leva o indivíduo a assumir,
pessoalmente, as atitudes desse
grupo que, mesmo sem perceber,
guia suas condutas.
Precisamos do outro para rece-
ber “feedbacks”, para melhorar
e percebermos aspectos que nós
desconhecemos. Só a leitura num
manual de gestãode carreiras não
resolve. É preciso agir, colocar-se
aberto para receber critícas e su-
gestões. Para refletir sobreoque se
ouveanosso respeitoenãoapenas
aos elogios,masprincipalmenteàs
críticas. É preciso tomar o “drive”
da própria vida, não só da car-
reira. Atenção!!! Sair do piloto
automático.
Costumo dizer que reclamar é
vício e se reclama até quando
está bom, só para ter algo con-
trário para dizer ou para ter o
sentimento de pertença, como
mencionado acima. Um com-
portamento socialmente inter-
nalizado. Desta forma, só re-
clamar e
nada
fazer
para alterar
,
transformar; divergir; permutar;
deslocar é puro continuísmo. É
mesmice, repetiçãoda repetição.
Estado permanente de “déjà vu”.
É como se manter refém de um
filme que você já viu inúmeras
vezes.
Curiosamente, o mundo do tra-
balho está levando as pessoas
cada vez mais para o frenesi das
mudanças velozes econstantes.O
que não quer dizer que o mesmo
“know how” se aplique fora do
ambiente de trabalho, em suas
vidas pessoais, ou melhor, na
mesmavelocidadeecomamesma
qualidade e eficiência. As em-
presas investem em mecanismos
e ferramentas de controle para se
certificarem do retorno dos seus
investimentos.
Segundo Malvezzi (1999), “
es-
tamos diante do emprego ‘justi-
in-time: quem trabalha não tem
certeza das tarefas que enfrentará
no momento seguinte’. (...) O
trabalhador é chamado a realizar
contínuosdiagnósticosda situação
e propor soluções,muito freqüen-
tementenovas,aindanãoprevistas
nos manuais. Não se pode mais
apenas seguir as regras,mas recriá-
las a cada novo evento
.”.
Minha opinião é a de que, em
função da alta demanda de aten-
ção ao mundo externo e do tra-
balho, outras esferas da vida são
sumariamente negligenciadas. A
energia, a atenção e a percepção
para a mudança recaem sobre as
atividadesprofissionais,mais facil-
menteperceptíveis em gráficos de
resultados, ganhos financeiros e
acúmulo de bens materiais. Por
outro lado, os possíveis ganhos
comumaprovávelmudançaouos
riscos envolvidos nessa mudança
não são facilmentemensuráveis.
Desta maneira, a fórmula para o
continuísmo pessoal está, prati-
camente, garantida.
É em função do cenário acima
apresentadoque penso sermuito
difícil acreditar na quantidade
e na velocidade das mudanças
anunciadas em tantas mídias,
principalmente em relação à
autonomia dos indivíduos; que
fiquebemclaro.Mudar épossível
sim, enecessário.Muitas já foram
as conquistas, principalmenteno
ambiente profissional, mas não
é difícil encontrar organizações
com uma fachada de moder-
nidade (aparente, performática),
ES
PM
mas que em sua
essência encontra-se
reinando o continuísmo dos
modelos de gestão ultrapassados,
que dificultam o crescimento e o
desenvolvimentode indivíduos res-
ponsáveis e agentes demudanças
na organização e, conseqüente-
mente, na sociedade.
Reafirmoquenão se tratade tarefa
fácil.Mas sem apercepçãode si e
do contexto aliado à capacidade
deagir, coragemparacorrer algum
risco e certa dose de persistência,
a transformação muitas vezes
desejada não passa de um sonho
distante.
Agora volte ao título deste artigo e
finalize-o com o sinal gráfico que se
aplicaao seucaso (?), (!), (...), (.).
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