Entrevista
R e v i s t a d a E S P M –
setembro
/
outubro
de
2009
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para o cabo, já que faz parte da
mesma cultura. Você aprovou,
então precisa qualificar, porque
a TV aberta não está mais tão
qualificada; você qualifica fa-
zendo ummix com o cabo. Mas
migrar para a internet envolve
relacionar-se com uma nova
cultura e aí surgem a timidez, a
falta de conhecimento, coisa que
o mercado agora está cobrando
cada vezmais dos publicitários...
Mas a tendência está mudando;
nos dois últimos anos a internet
é o meio que mais cresce no
Brasil; mas, admito que isso está
acontecendo com certo atraso.
JRWP – E por parte das empre-
sas anunciantes? O pessoal
conhece essas novidades? Em-
bora não tãobem como vocês;
pelo menos têm os conheci-
mentos básicos?
Pedro – Eu diria que se forma,
hoje, uma massa crítica, no mer-
cado brasileiro, de empresas, que
estão cada vezmais nessa busca.
Gracioso – Qual é a sua for-
mação, Pedro?
Pedro – É amais complexa pos-
sível. Fiz vestibular para Física,
formei-me em Engenharia Elétrica
e de Sistemas, fiz mestrado em
Pesquisa Operacional e cursei
doutorado em Ciências da Com-
putação. Em paralelo formei-me
como ator e cursei cinema e fui
trabalhar commarketing.
JRWP – Sempre pergunto, aos
nossos entrevistados, o que
aconselham aos nossos alunos
de últimos períodos. Será que
nosso aluno, agora, vai ter de
fazer um curso de Física para
encarar esse novo mundo in-
terativo?
Pedro – Talvez não, mas acho
que terá de conhecer os fun-
damentos... Por exemplo, nos
últimos anos, tenho lido, estu-
dado bastante o marketing, mas
continuo lendo sobre tecnologia,
lógica, e outras coisas que acho
interessantes, independentemente
do assunto. Se vocêmeperguntar:
“na tua cabeça, o que você é?”,
responderei que me considero
um
problem-solver
, uma pessoa
curiosa que gosta de resolver
problemas, que tem uma cabeça
sistêmica e, ao mesmo tempo,
voltada para a criatividade.
Gracioso – O que ele está
dizendo não me surpreende.
Há alguns anos, a revista
Exame
–Melhores eMaiores da revista
Exame
–mostrouumaestatística
curiosa: dos presidentes das
500 maiores empresas brasi-
leiras, 45% eram engenheiros
das mais variadas formações.
Sabemos que, dentre os alunos
de cursos superiores que se
formam todosos anosnoBrasil,
apenas4,5%sãoengenheirosou
seja, uma proporção dez vezes
maior de engenheiros chegou
ao topo. Creio que a principal
característica dos engenheiros
é exatamente essa: ter um tipo
de cabeça que os ajuda a resol-
ver problemasmelhor do que a
maioria, e quando se liga isso
à criatividade, “sai da frente”...
Pedro – Sempre fui um sujei-
to meio desajustado no meio
da engenharia, essa é que é a
verdade. Fui trabalhar, precisei
criar uma empresa porque nas
empresas em que eu trabalhava
não me ajustava...
JRWP –Qual foi a primeira em-
presa que você criou?
Pedro – Foi a Midialog, que
se transformou na AgênciaCli-
ck. Criei primeiro uma empresa
mais voltada para a tecnologia,
até chegar na Midialog, que era
uma empresa de mídia interati-
va. Foi quando consegui juntar
a multimídia, que é a tecnologia
com a comunicação, e eu conci-
liava todos os meus interesses – a
questão da comunicação com a
questão tecnológica.Mas antes era
uma frustração enorme porque eu
gostavade tecnologiaegostavade
comunicação, gostava de teatro,
cinema, música e otimização,
gostava dematemática...
JRWP – A postura da Escola
tem sidode orientar os alunos
nesse sentido, e também no
sentido do ecletismo, de que
hoje não se pode comparti-
mentalizar demais...
}
Não sepodepartir doprincípiode
queoconsumidor estejaali demá-fé.
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