Setembro_2009 - page 25

Eduardo
Tomiya
setembro
/
outubro
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
25
dos fracos resultados apresentados
pelasempresaspontocomno trimestre
anterior, além de atropelos como um
processosofridopelaMicrosoftporabu-
sodepodereconômico,osinvestidores
começaram a se desfazer dos papéis
das empresas de alta tecnologia. Para
uns,eles tinhamsidobenevolentespor
muito tempo. Paraoutros, eles tinham
apenascumpridoseupapel:acendera
fogueiradaNovaEconomia.
Mas foi justamenteentãoqueaondada
Nova Economia começou amorrer na
praia.Sementrarnachaticedecitaríndi-
ces,bastadizerque,jáem15demarço,o
índiceNasdaqestavaem4.580pontos.E
emquedalivre.Nodia14deabril,foram
menos355pontos, com recuode25%
somentenaquelasemana.
Quemsedeubemcomemorou.Assim
são as bolhas especulativas, assim é a
vidanomercadofinanceiro.
Por sinal, quando a poeira começou a
baixar, viu-se que a velha especulação
contribuírabastanteparadetonaraNova
Economia. Seria inevitável? Empresas
comoWorldCom, Global Crossing e
Qwest,entreoutras,levantaramrecursos
que se esfarelaram, deixando namão
milharesdepequenos investidores.
Essas e outras empresas trataram de
maquiar seus números prometendo
lucros fabulosos para um futuro não
muito distante, numa prática que
acabouse tornandoquaseumpadrão.
Sóqueos lucros não apareceram – e
o futuro brilhante foi sendo adiado.
O resultado foi nefasto: sucessão de
falências, investidores em pânico,
muitochoroe ranger dedentes.
Ora, em tempos demercado interco-
nectado a milhares de
megabits
por
segundo, ovendaval daqueleprimeiro
trimestre de 2000 se espalhou rapida-
menteparabemlongedeTimesSquare,
onde fica a sede daNasdaq. Parte da
exuberância,afinal,moveraa indústria
demeiomundodatecnologia:de
chips
amonitores,fibrasópticas,softwareetc.
semfim.Tudoquehaviasidoproduzido
àesperadeumfuturotevedepermane-
cernoestoque.Ouenvelheceudevez.
Prejuízo, emescalaglobal.
Deunoquedeu: calcula-seque, entre
2000 e 2002, somente a indústria de
telecomunicações americana tenha
perdido umas 500mil vagas. E nem
computemosaíoefeitocascatamun-
do afora, derrubando peças emmer-
cadosafinse, claro, tambémnaquela
pingada economia do dia-a-dia, em
todo o planeta. Como sempre, sobra
paraoandardebaixo–eaquebradei-
ra foi sentidaemmuitospaíses.
E tambémmereceregistroasuposta jo-
gadademestrequeacabousetornando
o grandefiascodaNova Economia: a
compradogigantescogrupodemídia
TimeWarnerpeloprovedorde internet
AOL.Anunciada em janeirode2001,
bem depois que a bolha especulativa
tinhaestourado,aindaassimaoperação
foi comemorada como o definitivo
triunfo da Nova Economia. Afinal,
tratava-se de uma empresa de alta
tecnologia comprando um signo da
indústria tradicionaldemídiaeentre-
tenimento. Jánaqueleano,noentanto,
ficouclaroqueaAOLnãoaguentaria
o trancoeaTimeWarner começoua
tomar as rédeas donegócio – que só
foi oficialmente desfeito emmaio de
2009. A velha economia continuava
exigindoa suaparte.
Masnem tudo foramespinhos–e isso
équeéo ladobonitodavida.Emgeral,
NelsonVasconcelos
Editor
OGloboDigital.
ES
PM
um sujeito sobrevive às depressões e
renasce para novos desafios. Não foi
diferentecoma internet.
Escolhamos nãopor acasoummarco
daNovaEconomia:o jácitado IPOda
Netscape,em1995.Desdeentão,oque
a tecnologia trouxedebompara todos
os que fazempartedo segmentomais
privilegiadodaHumanidade?
Semfazermuitoesforço,vamosenume-
rar algumas palavrinhas que entraram
definitivamente para a nossa vida,
mesmoquenem saibamos oqueelas
significam.Amaioriadelas, aliás, está
em inglês (mas essa é outra história):
“e-mail, instant messaging, browser,
telefones celulares, voz sobre IP, strea­
ming de vídeo, compras de bens e
serviços onlinede tudoquanto é tipo,
P2P,Amazon, ebooks,blogs,YouTube,
call center,web2.0, banners,Google,
smartphones, notebooks, netbooks,
iPod, iPhone, fotodigital etc. etc.
Olhando assim em retrospectiva e
muito rapidamente, é bom ver como
surgiu tantacoisaem tãocurtoespaço
de tempo. Podemos dizer que os últi-
mos15anos forambastantedivertidos,
de intenso aprendizado tanto para
qualquercidadãocomumcomoparaa
maisintrincadacorporação. Elongede
mimafirmarquenadadisso teriaacon-
tecido sem a tal da Nova Economia.
Mascertamente todoesseconjuntode
“coisinhas” germinou e ganhou vigor
somenteapartirdaquelemomentode
profundaatençãoepesadoinvestimen-
tonomundoda tecnologia. Por conta
disso,comobemsabemos todos,nada
mais serácomoantes.
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