71
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
Alexandre
Lacerda da Landim
cida), sinalizam para certa limi-
tação ao crescimento do mundo
desenvolvido.Aoque secontrapõe
à abertura dos mercados jovens,
com a população galgando os
níveis básicos deconsumo, emum
contexto de baixa proteção e/ou
regulaçãodas relaçõesdo trabalho
– tal, que chega, algumas vezes,
às raias do servilismo.
Neste cenário, assoma o papel
de quatro nações em especial:
o Brasil, a Rússia, a Índia e a
China. Ainda que haja muito a
se discutir a respeito da ligação
entre essas economias – o quanto
guarda de parceria e o quanto
de concorrência – o fato é que,
recentemente, elas passaram a
ser tratadas comoparticipantes de
ummesmo fenômeno; constituem
o epicentro de uma mudança de
grande escala, por ocorrer em um
futuro próximo.
Em2003o artigo
DreamingWithn
BRICs
:
ThePath to2050
, dobanco
GoldmanSachs, talhaa siglaBRIC,
e, de certo modo, faz condensar
uma dada compreensão do fenô-
meno: em suas previsões para a
primeira metade deste século,
Brasil, Rússia, Índia e China se
colocariam entre as seis maiores
economias do planeta, junto aos
Estados Unidos e ao Japão. Além
do potencial específico de cada
país, passa-se a considerar grupo
dos quatrogigantes enquantoenti-
dade que deverá concentrar, até
2010, 40%dapopulaçãomundial,
com uma demanda de consumo
maior que a do atual G6 (Estados
Unidos, Japão, Alemanha, Reino
Unido, França e Itália) e um PIB
somado na casa dos 14.950 tri-
lhões de dólares.
É escusado dizer que o BRIC não
constitui, de fato, umbloco.Talvez
fosse mais adequado tratá-lo por
uma “tendência”. Os países do
grupo apresentam alguma seme-
lhançaemaspectosdademografia,
da territorialidadeedodesenvolvi-
mento técnico-científico; contudo,
também guardam profundas dife-
renças nos campos da cultura eda
geopolítica. De qualquer modo,
prevê-se um rápido crescimento
de suas economias, que, somadas,
deverão perfazer 50% do mon-
tante representado pelo G6 em
2025, alcançando mais de 100%
já em 2040 (observe-se que, em
2003, esta relação era de apenas
15%). Haverá, a essa altura, um
“novo G6”, composto por China,
EstadosUnidos, Índia, Japão, Bra-
sil eRússia, emordemdecrescente
deacordocomo tamanhodecada
economia (Gráfico 1).
Ð
Foto fundo: Crackhouse
Foto: Zeafonso
Fotos: Dmitry Poliansky
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
CH EUA IN JPN BR RSS UK ALE FR IT
Fonte: GoldmanSachs: DreamingWithBRICs:ThePath to 2050.
Global Economics Paper n
o
99, 2003, p.4.
GRÁFICO 1 -ASMAIORES ECONOMIAS EM 2050
(PIB-US$ bilhões)