Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 50

Entrevista
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
50
GRACIOSO – Coloco-me na
posição de entrevistador,
já que represento apenas
a
Revista da ESPM
. Nosso
ex-editor partiu para outras
funções e eu, como Presiden-
te do Conselho Editorial, os
recebo para outra conversa...
JRWP – Aliás, você é presiden­
te do comitê editorial e está
recebendo dois presidentes:
o Presidente do Conselho e o
Diretor Presidente da ESPM.
Uma reunião de cúpula.
GRACIOSO – Até é simbóli-
co. Afinal de contas, nossas
vidas se confundem com os
destinos da Escola. Os três –
direta ou indiretamente – há
40 e até 50 anos, convivemos
com os sonhos e os desafios
que fazem parte da história
da ESPM e que levaram esse
barco para frente, resultando
no que temos hoje. Ao lon-
go de todos esses anos, nós
– não apenas nós três, mas
outros companheiros, alguns
que já partiram –misturamos
lembranças e sonhos. As lem-
branças, cada um de nós con-
tará se quiser, mas proponho
que nos concentremos nos
sonhos. O que será esta Es-
cola, que dentro de dois anos
completará 60 – quais são os
novos sonhos; como vemos a
ESPM nummomento em que
o setor da educação superior,
no Brasil, está em verdadeira
ebulição? Há coisas aconte-
cendo que eu jamais imagi-
naria; acabo de ler no jornal
que “há ummilhão emeio de
vagas ociosas no sistema de
educação superior brasileiro, a
maior parte em universidades
particulares”, e, no entanto,
há muitos setores produtivos
queixando-se de que não há
profissionais suficientes. Será
quenosso sistemaeducacional
voltou as costas aomercado e
preparapessoas paraumBrasil
que não existe?Ou será que o
novoBrasil –que sabemosmui-
to bem, que já chegou – é que
vai precisar degenteque ainda
não existe? Como a nossa Es-
cola se situa nesse contexto?
FERRENTINI – Gostaria de
começar dizendo que o so­
nho sempre foi o principal
combustível das pessoas que
conduziram e conduzem a
Escola. Acredito que essa ca­
racterística não vai abandonar
a Escola no futuro, é algo que
faz parte do seu DNA; ela é
movida a sonhos. É claro que
qualquer iniciativa sempre
nasce através de um sonho e
aqui essa característica ganha
uma força maior, pois a ESPM
não tem “donos”, embora in­
serida num regime capitalista;
não distribui lucros a pessoas,
todo o superávit é reinvesti­
do na própria Escola. Mesmo
considerando a presença cres­
cente do capital estrangeiro
– que está comprando muitas
escolas em todo o mundo,
sobretudo nos países emer­
gentes, onde podem aplicar
melhor o seu dinheiro – nós
somos totalmente infensos
a isso, até mesmo por uma
impossibilidade jurídica. Sob
esse aspecto, a Escola deverá
continuar sendo o que sempre
foi, e o que é – e mais forte
ainda. Ela vai crescer, produ­
zirá mais resultados financei­
ros, mas é o “lucro do bem”,
dinheiro que será reinvestido
na Escola, para possibilitar
aos seus alunos, professores,
e a toda a comunidade que a
frequenta, uma melhor qua­
lidade de vida, um melhor
proveito do que a Escola pos­
sa oferecer. Temos um futuro
realmente promissor e isso
não é força de expressão. Nas
diversas gestões da Escola,
houve sempre grandes saltos.
Quando começou o sonho –
em 1951 – houve o esforço
de alguns pioneiros e tenho a
clara impressão, embora não
tenha convivido melhor e dire­
tamente com eles, a certeza de
que não foi fácil; não foi nada
fácil a instalação, ainda que
em uma única sala de aula, de
uma ideia que era, na ocasião,
revolucionária. Devem ter tido
muitas dificuldades.
GRACIOSO – Começamos
com 52 alunos.
FERRENTINI – Também não
deve ter sido fácil, para eles,
}
Isso faz parte doDNA da Escola,
ela émovida a sonhos.
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