Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 56

R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
56
Duranteanostreinamososgarotospara
queseusnegóciosfossemrápidos,com
resultadosdecurtíssimoprazojáque, a
longoprazo, estaríamos todosmortos.
Agoraprojeteesta fraseno imaginário
destes
brokers
paraoperaçõesqueen-
volvem30, 40 atémesmo200 anos,
poismitigar (reduzir a poluição), não
acontecedanoiteparaodia.
Meio ambiente tem outra lógica.
Afinal, precisamos preservar para as
presentes, e principalmente para as
futuras gerações. No entanto, esta
lógica não bate com a matemática
de um sistema que convencionou
comprar demanhã e vender à tarde.
Tudo émuito rápido. E omundodas
finançasgirazilhõesque, sequer, tem
tempodecompensar seus cheques.
Acontece que em “sustentabilidade”
há infinitasvariáveisquevãodesdeas
mudançasclimáticasatéos interesses
políticos e financeiros para troca de
energias, matrizes fabris e critérios
de certificação e classificação de
produtos agropecuários e industriais.
Transformaçõesdeposturasecompor-
tamentos por parteda sociedadeque
envolve um profundo debate sobre
consumoproativo,consciênciaecoló-
gicae social que, aliados àdiscussão
empolíticaspúblicas,exigemreformas
tributáriasefiscaisconsideráveis,bem
como uma rigorosa regulamentação
do sistemafinanceiroque seadaptea
todas essas condições.
Na América Latinocaribenha encon-
tramosamaiorbiodiversidadedoPla-
neta.Temos,ainda,águaabundantee
terras férteis,queosoutroscontinentes
jánão têm.Contudo,asmesmaspreo­
cupações que os árabes têm com as
guerrasnoOrienteMédio,poderãoser
as nossas daqui a alguns anos, justa-
menteporcontadaescassezdaágua.
Em Cochabamba já houve convul-
são social por causa da água. Já no
Uruguai foi necessária uma reforma
legislativa para que ela voltasse às
mãosdogovernoedasociedade,pois
estavasendoprivatizadae,noEspírito
Santo,aquinoBrasil, foiregistradoum
caso demorte por disputá-la. Ora, a
águaéum recursonatural deusopú-
blicochamadobemdifuso; pertence,
pois, a todos e àNação.A iniciativa
privadanãopodesimplesmentecercar
umabaciahidrográficaedizer-sedona
dela. Antes de tudo, deve-se prover
águasuficienteparaapopulação,para
os animais e agricultura. Somente o
seu excedente poderia, em hipótese,
ser comercializado.
Outroproblemaa ser tratadoéode
nossaculturade servidãoao sistema
financeiro internacional, essa acei-
taçãopassivadeuma subserviência
que nos torna sempre vítimas da
usurado capital estrangeiro, que só
faz fomentar acorrupçãoendêmica
que infelizmente nos assola.
Não se resume,portanto,no interes-
sefinanceirodealguns investidores
estrangeiros em aplicar seus recur-
sos num instrumento econômico
que venha a lhes compensar, por
exemplo, a emissão de dióxido
de carbono na atmosfera com a
compra e venda de créditos
1
emis-
sion trading
. Passa por uma ampla
adaptação do conhecimento e in-
formação disponibilizadaparaque
todos possam acompanhar essas
alterações econômico-financeiras.
Deve-se compreender que aquilo
que se deseja eliminar – os gases
do efeito estufa – não pode gerar
ummercado exponencial que seja
competitivoparaestimular aprodu-
ção demais poluição.
Analisar o desenhomercadológico
e criticar acordos internacionais,
como o MecanismodeDesenvolvi-
mentoLimpo
2
emsuaestruturaope-
racional, oda execuçãofinanceira,
não significa condenar o Protocolo
deQuioto
3
ao fracasso,masapontar
suas possíveis falhas. Poucos sãoos
quepodemcriticaressemecanismo
porque,emgeral,quemconheceen-
genhariadeprojetosnãoconheceo
mercadofinanceiroequemconhece
o mercado financeiro, sequer sabe
ainda o que é gestão ambiental.
Quando lidamoscommeioambien-
te não podemos tratar deste direito
fundamental como se fosseumpro-
duto empresarial, umamercadoria,
negociadocombaseemcontratose
regras determinados aportas fecha-
das em reuniões entre pares. Pelo
contrário, tais negociações devem
acontecer com o coletivo da socie-
dade.Seasociedadenãoaderir,não
háprojetosocioambientalquepossa
ser concretizado.
Quando exportamos soja, vende-
mos também solo, água, energia,
biodiversidade, sangue e suor dos
que produzem e sofrem com o
sol inclemente na imensidão das
lavouras. O estudo da ongWWF
4
,
mostra o Brasil como líder do
ranking
dos países importadores de
“água virtual”
5
agrícola: exporta 91
bilhões demetros cúbicos por ano,
mas importa 199 bilhões. O saldo
é uma importação líquida anual de
108bilhões. Poroutro ladooWWF
Omeio ambiente
chegou aomercado
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