Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 58

R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
58
Os escândalos envolvendo REDD
nopaís tiveram iníciomeses atrás,
quando o sobrinho do primei-
ro-ministro Michael Somare foi
acusado de forçar pequenos pro-
prietários de terras a vender seus
direitos sobre as matas.
Uma investigação do
Financial
Times
em 2007 descobriu gran-
des falhas nesses mecanismos,
denunciando que as organizações
estavam pagando por reduções de
emissõesquenãoestavamocorren-
do. Enquanto isso, outros estavam
obtendo grandes lucros com o
comérciodecarbonode forma sus-
peita.O
Financial Times
encontrou:
k
Muitos casos de pessoas e orga-
nizações comprando créditos sem
valor que não produzem nenhuma
redução de emissões de carbono.
k
Indústrias lucrando apesar de
fazerem muito pouco – ou ga-
nhando créditos de carbono com
base em ganhos de eficiência
com os quais já se beneficiaram
substancialmente.
k
Corretores fornecendo serviços
devalor questionável ou semvalor.
k
Uma escassez de auditoria, o
que dificulta para os compradores
avaliarem o verdadeiro valor dos
créditos de carbono.
k
Empresas e indivíduos estão
arcando com a despesa da compra
privada de permissões de carbono
daUnião Europeia, que despenca-
ramdevalorpornão resultaremem
redução de emissões.
Agentes alfandegários prenderam,
recentemente, nove pessoas na região
de Londres, sob a suspeita de uma
fraudedeváriosmilhõesdedólaresno
comérciodeautorizaçõesparaemissão
decarbono.Afraudecarrossel,também
conhecidacomooesquemadocorre-
tor desaparecido, explora o comércio,
isentodealguns impostos,entrepaíses.
Estelionatários importam bens isentos,
vendem-nos,como impostoembutido
nopreço,aoutracompanhiaque,então,
os reexporta. Emvezde repassaro im-
posto recolhidoaogoverno, os vende-
doresembolsamovaloredesaparecem.
Asprisõesconfirmaramtemoresdeque
estelionatários–operandonospregões
daEuropaenasflorestastropicais–estão
sendoatraídosparaummercadoque já
movimentamaisdeUS$100bilhões.
Quando aUnião Europeia lançou seu
esquemadecomérciodeemissõespara
combater as mudanças climáticas, o
blocoprovavelmentenãoconsideroua
hipótesedequepoderia,eventualmen-
te, fornecer um incentivo para poluir.
Umexcessodepermissões (créditosde
carbono), foi feito e os baixos preços
derrotaram o propósito original do
esquema.Oresultadodissofoiocresci-
mentodas importaçõesdecarvãopara
aEuropa, coma Inglaterrachegandoa
importarvolumes recordesem2007.
O preço eramuitomais barato para
asusinasqueimarcarvãoecompraras
permissõesparapoluiçãodoquecom-
prarcombustíveismais limposcomoo
gásnatural. Estimava-sequeumausina
poderia comprar carvão €10 porme-
gawatt/horamaisbaratodoqueogás.
Mas o mecanismo foi desenvolvido
para incentivar as grandes indústrias
e usinas de energia a substituir suas
fontesdeenergiaaltamentepoluidoras,
comoocarvão,porcombustíveismais
limpos, comoogás.
ParaageógrafaitalianaTeresaIsenburg,
professoradoDepartamentodeEstudos
InternacionaisdaUniversidadedeMi-
lão,quehádécadassedebruçasobreas
OProtocolodeQuioto constitui-se de um tratado interna-
cional com compromissosmais rígidos para a redução da
emissãodos gases que agravam o efeito estufa.
s
SundeipArora
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