Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 44

R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
44
tização de que os danos ao meio
ambienteerammajoritariamentede
responsabilidade dos países desen-
volvidos.Reconheceu-se,aomesmo
tempo, a necessidade de os países
em desenvolvimento receberem
apoiofinanceiroe tecnológicopara
avançaremnadireçãododesenvol-
vimento sustentável
1
.
Muita coisa se passou nestes últi-
mos 17 anos, inclusive terremotos,
incêndios,torpedos, tsunamis, o
degelodospolos,ofilmedeAlGore,
a pressão das ONGs, o Protocolo
deQuioto, a administraçãoBush, a
criaçãode índicesdesustentabilida-
de nas principais Bolsas deValores
domundo, acriaçãoda taxadecar-
bonoesua transformaçãoemmoeda
corrente entre governos, Sarkozy e
Barack Obama, líderes mundiais
com uma nova visão sobre omeio
ambiente e a conscientização dos
consumidores de todo o mundo,
que hoje preferem comprar seus
produtos deempresas que têm suas
atividadese sua imagemassociadas
à sustentabilidade.
De acordo com a pesquisa Green
Brands realizada em2009
2
em sete
países (Alemanha, Brasil, China,
Estados Unidos, França, Índia e
Reino Unido), 94% dos consumi-
dores preferem comprar produtos
deumaempresaassociadaaomeio
ambiente, sendo que 82% afirmam
que esperam uma ação real das
empresas em matéria de redução
dos dejetos tóxicos.
Uma pesquisa realizada na Europa
pelo Instituto Nielsen, em 2007,
já indicava que a questão das
mudanças climáticas era a quarta
preocupação do cidadão europeu,
perdendo apenas para as questões
econômicas, de saúde e seguran-
ça social. Vale lembrar que, pelo
Wikipedia, Sustentabilidade é a
capacidade de resistir.
Mas, Sustentabilidade hoje tem
um significado mais amplo e
está baseado no equilíbrio das
questões econômicas, sociais e
ambientais. É esse equilíbrio que
manterá, a longo prazo, o bem-
estar da humanidade neste plane-
ta. Na França, o termo utilizado é
o Desenvolvimento Durável que,
sob o ponto de vista econômico,
cabemuito bem no contexto.
Ofimda erado
descartável ea
valorizaçãodo
durável
Para alcançarmos a Sustentabili-
dade, é necessária uma mudança
enorme de comportamento de
todos: das empresas, governos e
pessoas em geral, incluindo a for-
ma como elas consomem.
Na Europa, essa conscientização já
levou à criaçãonão apenas de pro-
dutos biológicos certificados, mas
também de supermercados, lojas e
comunidades que apenas vendem
produtos biológicos ou de segunda
mão. Para os cidadãos europeus,
esses produtos são chamados de
produtos de ocasião. Sim, porque
essa nova forma de pensar resulta
emnãoapenas reciclar,mas princi-
palmente reutilizar
3
.
Éofimdaeradodescartável parao
começo dodurável.
Nesse sentido, é preciso repensar a
qualidade e durabilidade dos pro-
dutosqueumaempresadesenvolve
e o impacto que isso pode causar
negativa ou positivamente à sua
imagem e, consecutivamente, às
suas vendas.
Para46%dosconsumidores france-
ses, consumir de forma responsável
é deixar de consumir produtos su-
pérfluos e, para 33% desses consu-
midores, é reduzir o seu consumo
em geral. Em 2006, esses números
eram respectivamente 36% e 21%.
Ao mesmo tempo, enquanto que,
em 2006, 41% dos consumidores
franceses consideravam que con-
sumo responsável era consumir
produtos como seloBIO, hoje esse
númerocaiupara22%. (vejaomo-
tivono tópicoGreenwashing)
ABic,porexemplo, íconedeprodu-
tosdescartáveis, fezuma totalmuta-
çãode suaestratégiadenegóciosna
Europa. Em 2004, reviu o ciclo de
vidade seusprodutosbuscandode-
terminar seus impactosambientaise
verificouque suaprincipalmatéria-
prima era o petróleo. Definiu que
agiria sob quatropontos-chave:
k
DIMINUIR
a quantidade de
matéria-prima utilizada em seus
produtos;
k
INTEGRAR
novas matérias-pri-
mas menos poluentes ao processo
de fabricação;
k
DESENVOLVER
produtos recar-
regáveis; e
k
REVER
suas embalagens.
Criou, então, a linhaBic-Écolutionsde
lâminas de barbear descartáveis, que
1...,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43 45,46,47,48,49,50,51,52,53,54,...184
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