Janeiro_2005 - page 52

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J A N E I RO
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F E V E R E I RO
D E
2005–REV I STA DA ESPM
MaristelaGuimarães
André
duos de explorarem tentativas
variadas em relação às regras origi-
nalmente estruturadas de organi-
zação social.
Essemodo indistintode estabelecer
elos afetivos, anula as diferenças
emocionais estabelecendo uma
espécie de compensação entre as
várias dimensões do existir hu-
mano; significando, por exemplo,
a perda de parte da infância pelas
crianças e jovens que “amadu-
recerem” nomercadode consumo,
porque são reconhecidos, na me-
dida em que correspondem a um
“segmento” ou “público-alvo”, de
um determinado setor demercado.
A isso se estendem os aspectos da
feminilidade e masculinidade, dis-
solvidos na constante troca das
características identitárias em fun-
ção de combinações provocadas
pelas imagens projetadas pela cul-
tura das mídias.
No entanto, para reencontrar a
compreensão de que viver é explo-
rar as manifestações do vivido, em
um sentidomais extenso, é preciso
reconhecer, também, no jogo do
consumo, uma experiência sem
finalidade e semqualquer buscade
realização ou transcendência,
apenas como um jogo, em que o
tempo é vivido na sua não-lineari-
dade, semgrandes respostas,porém
pleno da possibilidade de aventura
contidonas surpresasedescontinui-
dades dos vários planos da vida.
Nesse cenário, desenhado pelas
atividades de consumo, o acesso a
bens e serviços dissolve-se em fre-
qüências mínimas, máximas e
médias de relacionamento entre os
indivíduos,como formascircunstan-
ciais ou contingenciais de estilos
de vida, comportamentos perfor-
máticos, e até elos afetivos que, de
algum modo, se acomodaram no
vaivém dos vários deslocamentos
das grandes metrópoles.
Distribuídos em três conjuntos de
acessibilidade distintos, em função
daprogramação, duração e intensi-
dade do tempo investido para a
assimilação e processamento das
informações, necessários para a
prática, conservação emanutenção
cotidianas das atividades que
garantem a dinâmica desse jogo,
os indivíduos estabelecem padrões
de julgamentos discriminadores
que identificam suas referências
sociais, tornando-os passíveis de
serem referidos pelos demais.
Numplano ideológico, a lógicahe-
gemônica da produção, segundo a
qual alguns serão levados a investir
mais tempoparadefinirnovospata-
mares de diferenciação, dá deter-
minado direcionamento aos con-
teúdos das redes de intercâmbio,
estruturando os relacionamentos
humanos empadrõesdeaproxima-
ção e/ou distanciamento de bens
e serviços. No entanto, as condi-
ções sociais e culturais diversas,
retroagem sobre esses modos
diferenciados, ensejando outros
conteúdos, estabelecendo assim
outros critérios de acesso.
Nasgrandesmetrópoles,oespectro
urbano se disseminou num ritmo
mais veloz do que a expansão dos
serviços e bens culturais públicos,
Nasgrandesmetrópoles, oespectrourbanosedisseminounum ritmo
maisvelozdoqueaexpansãodosserviçosebensculturaispúblicos.
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