Janeiro_2005 - page 11

Gilles
Lipovetsky
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J A N E I RO
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F E V E R E I RO
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2005–REV I STA DA ESPM
especificamente do luxo: as pes-
soas não querem pagar caro para
ter objetos banalizados. Assim, é
preciso ter emmente que a socie-
dade hiper-moderna desenvolve
tendências contrárias.
JR
– A democratização dos artigos
de luxo não poderia resultar em
uma visão patética; de uma massa
que consome os clones de artigos
utilizados pelos nobres? As coisas
que sãonaturaisparaum segmento,
para o outro seriam objetos kitsch,
para ser mais exato.
GILLES
– Compreendo. O kitsch
também é uma invenção do século
XIX, não é algo novo ! O kitsch
apareceu nas grandes lojas de
departamentos, e essas surgiram
aproximadamente na metade do
século XIX... Printemps, Macys, a
Harrods na França, nos Estados
Unidos e na Inglaterra... As lojas
de departamentos permitiram à
classe média o acesso a produtos
que eram cópias, imitações. Hoje
temos uma marca de moda que se
insere bem neste contexto, é Zara.
Zarapossibilitaqueas adolescentes
adquiram roupas da moda bem
baratas, semelhantes às mais caras
e, ao mesmo tempo, bem acessí-
veis. Quanto à questão dos clones,
penso que não. A meu ver, isso é
uma deturpação da democrati-
zação do consumo. Não se deve
confundir o consumo e a pessoa. A
pessoaéumacoisaeos objetos são
outra coisa. O importante não são
os objetos, mas a relação que as
pessoasmantêm comos objetos, os
produtosouasmarcas.Quandonos
encontramos em uma relação que
“ABAUHAUSPROPUNHAUMDESIGNQUE
SEDIZIADEMOCRÁTICOENÃOLUXUOSO.”
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