Janeiro_2005 - page 8

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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
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F E V E R E I RO
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2005
entrevista, não quis dizer que o
conformismoexisteapenas entreos
adolescentes, mas que, entre os
adolescentes, é particularmente
forte. Em outras regiões domundo,
o conformismo é tradicional, e ain-
da irá continuar por gerações e
gerações. Existe, agora, uma nova
relação com as aparências, uma
nova relação com o luxo, que não
se identifica com o conformismo,
mas que se identifica muito mais
com uma busca por uma satisfação
intensa, uma espécie de erotismo
dos objetos. É sinal de uma nova
individualizaçãoda relação com as
aparências.
JR
–Como é que o Sr. vê a questão
do luxo que se transforma em um
tipo de simplicidade, em direção
ao que os americanos chamam de
“clean”?
GILLES
– Também em relação a
isso, não se trata de uma novidade
absoluta. Uma tendência do luxo
no século XIX era a simplificação.
Jean-Jacques já falava de um luxo
de simplicidade. Isso acompanha
a era democrática. Porque a demo-
craciaconstitui umobstáculoaesse
tipode particularização; renegar os
outros para recriar uma desigual-
dade entre as pessoas. Assim, uma
tendência ao luxo – a partir do
séculoXIX–éade reduzir os
sinais
de ostentação da riqueza.
JR
– Refiro-me, também, ao design
clean...
GILLES
– Isso data dos anos 20,
com as diretrizes estéticas da Bau-
haus. Inicialmente, a Bauhaus pro-
punha um design que se dizia
“EXISTE,AGORA,UMANOVARELAÇÃOCOMAS
APARÊNCIAS,UMANOVARELAÇÃOCOMOLUXO.”
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