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MAIO
/
JUNHO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
Gianni
Vattimo
Ilustração: Joel Minusculi
Falareihojeda
filosofiadaemancipação
,
um temanada fácil enemcomumnos
debates filosóficos contemporâneos,
uma vez que a filosofia dos séculos
XIXeXX,àexceçãodomarxismo,não
se empenhoumuito neste sentido. A
filosofiamodernaecontemporânea se
desenvolveu nos moldes das ciências
positivas e descritivas. A filosofia clás-
sica, por outro lado, ainda conservava
anoçãode“escoladevida”,sendoque
a teoriaestavaem íntimaconsonância
comaprática.Platão,porexemplo,pro-
punhaqueaalmapodiaelevar-sedeste
mundo, sensível emúltiplo, aomundo
das idéias, inteligível e uno. Desde as
revoluções científicas do século XVII,
noentanto,afilosofiadistanciou-secada
vezmais desse ideal prático, vindo a
sofreracrescenteinfluênciadasciências
positivasqueseafirmavamnasociedade
ocidentalmoderna.
Afilosofiamoderna,atéosdiasdehoje,
priorizou a epistemologia, ou seja, a
reflexão sobre as condições de possi-
Platão, por exemplo, pro-
punhaqueaalmapodiaele-
var-sedestemundo, sensível
e múltiplo, ao mundo das
idéias, inteligível e uno.
Desdeas revoluçõescientíficas
do século XVII, no entanto, a
filosofiadistanciou-secadavez
maisdesse idealprático, vindo
a sofrer a crescente influência
das ciências positivas que se
afirmavam na sociedade oci-
dental moderna.
bilidadeeos limitesdoconhecimento,
oqueresultouemumdiscursoabstrato
e fechado em simesmo, perdendode
vistaoimperativodaquiloquechamode
“projetualidade” (do it.
progettualità
):o
fazerdafilosofiaummododevida.Seria
apenasem1927,comapublicaçãode
Ser e Tempo
(“Sein und Zeit”), que a
problemática da “projetualidade” viria
a ser retomada pelo filósofo alemão
A epistemologia, ou seja, a reflexão sobre as
condições de possibilidade e os limites do
conhecimento,oque resultouemumdiscurso
abstrato e fechado em si mesmo, perdendo
de vista o imperativo daquilo que chamo
de “projetualidade”, o fazer da filosofia um
modo de vida.
Ð
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