Maio_2008 - page 83

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MAIO
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JUNHO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
socialmente, pelas influências cul-
turais, por meio da comunicação.
Simbolicamente, écomo sealguém
só se reconhecessecomo indivíduo
(identidade) ao ver o seu reflexo
no espelho da sociedade (perten-
cimento). Essas características são
válidas para os mais diversos as-
pectos identitários, tais como etnia,
gênero, religião, idioma etc.
OQUE ÉDIVERSIDADE?
“Não é o idioma, mas
o orador que se deseja entender.”
DoUpanishad
Amelhor percepção sobre diver-
sidade que tive na vida foi – na
época dos festejos do bicente-
nário da Revolução Francesa, as-
sistindo a um programa de deba-
tes da TV, em que, para definir
“igualdade”, o sociólogo Alain
Touraine disparou: - qualquer
francês lhe dirá que é o direito
que têm todas as pessoas do
mundo de serem iguais a ele!
Descobri, então, que diversidade
era exatamente o contrário. Deve
ser apercepçãodequeexistem, “lá
fora”, seresquenãosão iguaisamim
–sejaeu francês,hotentote,homem,
mulher, judeu, cristão, destro ou
canhoto – e que pode haver algo
em relação a esses entes diversos
que possa me afetar – positiva ou
negativamente.
É claro que a própria noção de di-
versidade significaumcontraponto:
o início do relacionamento do eu
com o mundo exterior. Em quase
todasas línguasque formamogrupo
chamado das indo-européias, a
segunda unidade – ou a bipartição
–édenominadadeduo: dois, deux,
due, dos, two, zwei, e assim por
diante. Como é sabido que, em so-
ciedadesprimitivas,acapacidadede
contarmuitas vezes reduz-se a um,
dois, muitos.
Tambéméevidenteque,aoelaborar
este roteiro, não estamos pensando
no alvorecer da humanidade, mas
neste século 21, e na necessidade
– jámencionada, na primeira parte
– de que a comunicação entre os
povos sejaumacondiçãode sobre-
vivência. Partimos, portanto, da
premissa de que
(1)
desejamos
todos aprender a compreender
pessoas de diferentes partes do
mundo e com elas interagir e que,
(2)
para isso, é preciso entender
tanto quanto possível em que
Identidade e cultura estão intimamente
relacionadas. A identidade de cada um é
moldada, socialmente, pelas influências
culturais, pormeio da comunicação.
Na época dos festejos do bicentenário da
Revolução Francesa em um programa deTV,
para definir “igualdade”, o sociólogo Alain
Tourainedisparou: -qualquer francês lhedirá
que é o direito que têm todas as pessoas do
mundo de serem iguais a ele!
ALAIN TOURAINE
Em quase todas as
línguas que formam
o grupo chamado
das indo-européias,
a segunda unidade é
denominada de duo:
dois, deux, due, dos,
two, zwei, e assim
por diante.
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J. Roberto
Whitaker Penteado
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