Maio_2002 - page 104

112
Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
emissora,precisadacolaboração
demuitagente.
Alex–NessasconversascomaGlo-
bo, euaprendi quenãoexistenove-
lista e nem departamento de nove-
la. Existe o departamento de
dramaturgia e são os dramaturgos
os responsáveispeloenredo, queé
intocável. Se a Glória Perez resol-
ver fazerum trabalhodesses, aGlo-
bo respeita, comoestá respeitando.
Elaédonadoassunto– tantoquanto
oFrankCapra foidonodoassuntodo
roteirode “Domundonadase leva”,e
“Mr.Smithgoes toWashington”,elaé
absoluta.Tempodercincovezesmais
queaGlobo, ao fazer isso.AGloboé
veículo.Paraconvencer umapessoa
a fazer isso, ouelaacredita–comoé
o caso daGlóriaPerez –, ou vai de-
morarum tempo.Nasnossasconver-
sas comoDr. RobertoMarinho, fala-
mos, váriasvezes, sobre isso.
JR–Apartirdessemomento,con-
tamos com a presença do Prof.
Francisco Gracioso, que estava
do lado de fora do estúdio, e foi
convidado a participar da entre-
vista. Você tem uma boa pergun-
taparaoAlex; pode fazer...
FG–Estavaouvindovocêsdeba-
terem e parece-me que a diferen-
ça fundamental entreapropagan-
danacionalnorte-americana–va-
mos chamá-la assim – e a nossa
é que, lá, eles se apegam aos va-
lores que gostariam de difundir,
enquantonós ficamosmaisnaco-
municaçãode realizações gover-
namentais. Você concorda com
isso, Alex?
Alex – Não só concordo como vou
citar algunsexemplos.Corroo risco
de ser linchado, na rua, porque es-
tou querendo defender propaganda
do governo. Mas não estou defen-
dendo. Estou tentando aperfeiçoar
acomunicaçãodosprojetosdopaís.
um professor revoltado. E com ra-
zão, pois ele passa uma cidadania
angustiante, porque está angustia-
do e tem razão de estar. Que espe-
rança temhojeumprofessornoBra-
sil (apesar deos números dominis-
troPauloRenatomostraremque te-
nhamelhorado. Estãomuitoaquém
do necessário, como ele mesmo
diz). Mas há uma coisa chamada
auto-estima, que é o que o norte-
americanosabe fazeremcomunica-
çãoenós nem sequer arranhamos.
Vou dar um exemplo. Existe um fil-
me, cujo roteiro é o seguinte: dois
executivos brasileiros, falando por-
tuguês emNova Iorque, numa reu-
nião de negócios. Cada vez se faz
maisnegócioporqueestamosacor-
dando para a exportação.Aí, esses
dois brasileiros são interrompidos
pelogarçom. Eogarçom fala: “Bra-
sileiros?” E os brasileiros não gos-
tam da interrupção e falam: “Yes,
brasileiros”. Eogarçom: “Ah!. Sam-
ba, tcha, tcha, tcha.” E os brasilei-
ros: “Samba, sim. Tcha, tcha, tcha
não.” Aí ogarçom começaa falar de
coisas sobre o Brasil tipo: maior re-
servadeáguadocedomundo,maior
exportadordeaviãoa jato,quartopaís
emmáquina de lavar roupa, quarto
paísemvendadegeladeira.Fala tan-
tas coisas positivas sobre o Brasil,
queosbrasileirosarrumama lapela
do paletó, olham para o garçom e
falam: “Yes, Sir.” Essa auto-estima
é que falta para nós e ela só vem
através de uma comunicação inteli-
gente. Não pode ser um ufanismo
gratuito; enemser feitasónodiada
eleição. No dia da eleição, temos
que separar o joio do trigo. Temos
de elaborar um plano de divulga-
ção de nossos valores. Senão,
será a baixa-estima, mais do que
já está hoje.
JR –E esseplano existe?
Alex – Existe. Conversamos com o
AndreaMatarazzo.Estamosconver-
“Vocêprecisade
Comunicaçãoe
nãouma
‘propaganda’,
‘propaganda’,
comaquelas
aspaspesadas.”
Tanto faz qual é o governo. Quais
os projetos que nós temos?Qual é
aperspectivadessepaís?Enãome
venham propor falar isso só no dia
de eleição. “Ah! Vou construir, vou
corrigir, vou fazer.” Há uma outra
coisa, de que a gente necessita,
alémdecorrigiradistribuiçãode ren-
da brasileira. Porque o problema
maior desse país é distribuição de
renda.OFernandoHenrique tem to-
tal razãoquandodizqueessenãoé
um país pobre; é um país injusto.
Porquequemproduz600bilhõesde
dólares não é um país pobre. Nós
estamosentreas10maioresnações
domundo. O que quero dizer é que
não se constrói a cidadania só no
grupoescolarousónas faculdades.
De vez em quando, você encontra
“Acomunicação
dosprojetosqueo
paístemparafazer
nãoépara falarsó
emépocade
eleição.”
1...,94,95,96,97,98,99,100,101,102,103 105,106,107,108,109,110,111,112,113,114,...129
Powered by FlippingBook