Maio_2002 - page 100

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
assim sucessivamente. Isso foi mo-
tivo de uma conversaminha com o
AndreaMatarazzo,que temumaca-
beçaempresarialmaravilhosa, além
de política. Daí, tivemos uma con-
versa comumgrupode18 senado-
res e discutiu-se a possibilidade de
fazer um pré-projeto nesse sentido.
Porque, atéhoje, nem vocênemeu
sabemosondeestáoprojetoSivan,
emque faseestá, seainda significa
algumacoisa–éclaroquesim.Mas
ele aparece na imprensa pelas ra-
zõeserradas. E issoéoporquêque
não funciona.
JR –Alex, como você bem sabe,
temosdois tiposdecomunicação.
Na imprensa, na televisão você
temamatériade redação/jornalis-
mo e há a matéria paga, que é a
propaganda.Ogovernoénotícia.
Tudo o que faz é notícia. Basta
abrir um jornal, uma revista, ligar
a televisão. Diante disso, qual a
necessidade que tem o governo
depagar pela sua comunicação?
Porquedeve recorreràpropagan-
dapaga?
Alex – Porque – com exceção das
empresasestataisque jámencionei
–osprojetosdeumgovernoou são
de interesse público e devem ser
anunciados, nobomsentido, ounão
existem. Não são para enaltecer
políticos.Massimporqueocidadão
quer saber.Por exemplo, oanel viá-
rio. Até onde vai, em que fase está,
por quêestá sendo construído?Eo
anel viário sai na imprensa pelas
razões erradas. Sem falar que um
país vai bem ou vai mal a partir de
quantos projetos é capaz de reali-
zar. Você não pode fazer projetos e
deixá-los na surdina. Claro que
quem não vai gostar é a oposição;
masogovernodehojeéaoposição
deamanhã.QuandooPTestiverno
governo, a oposição não vai gostar
dos projetos úteis, que o PT estará
anunciando, numaboa, licitamente.
Masháoutrosaspectos.Não temos,
no Brasil, uma indústria cinemato-
gráficadesenvolvida.Nãovouques-
tionar de quem é a culpa. O fato é
quenãoédesenvolvida; não chega
a comunicar nada, comparada com
a norte-americana, que chegou a
reconstruir o país. Foi uma grande
máquinadecomunicaçãoeaindaé.
Como se constrói a auto-estima de
umpovonosEstadosUnidos?Onde
é que o norte-americano aprendeu
a respeitarabandeira?Ondeapren-
deu a respeitar e conhecer o país
que tem? Foi através da indústria
cinematográfica.E issoécomunica-
ção.Aí, vocêdiz: “Ah!Mas issonão
épropaganda.” Nãoé, porque você
não viu quanto custou...
JR–Masvocêestá falandodean-
tes da Segunda Guerra Mundial;
ogovernonorte-americanopaga-
va a indústriadeHollywood?
Alex – Pagava e paga hoje. Por
exemplo, na crise dos anos 30, a
gente até adorou ver, mesmo a dis-
tância, oqueFrankCapra faziapara
os Estados Unidos. Era a pobreza
dignificada. E põe pobreza nisso –
era mais pobre que o Brasil hoje.
Além da pobreza ser pior que hoje,
noBrasil, eraumapobrezagelada–
tinhaneve.Nãopodiadormir debai-
xo da ponte, porque você morria
congelado. Mas, naquela época,
construiu-se uma imagem de que
aquilo era uma passagem, que se-
riasuperado.ComooBrasil também
vai superar isso. Achar que oBrasil
vai ficarsemprenessamiséria–cor-
rigindo, nessa má distribuição de
renda –
forever
, não vai acontecer.
Vai aparecer, um dia, um político-
empresário. Não pode dizer que o
governodoFernandoHenriquenão
sejaumgoverno inteligente, respei-
tado lá fora, cuidando da democra-
cia. Mas onde está a visão empre-
sarial?
JR–Eleéuma inteligênciadeuni-
versidade e de universidade pú-
blica, aindapor cima...
Alex–Evamossentirsaudadesdes-
sehomem.Umacoisaé forçapolíti-
ca; outraéa forçapolítico-empresa-
rial.Oqueé isso?Porexemplo,hoje,
estamos arranhando a idéia de ter
umministério de exportação. O Ja-
pãodescobriu issoantesdenósdois
termos nascido – que vender para
foraéumanecessidade. Comonós
temos–ou tivemos, atéontem–um
mercado interno “grande”, parecia
que o que se produzia aqui vendia
aqui.Haviagentequedizia: “Expor-
tar? Deus me livre! Só o exceden-
“Osprojetosdeum
governoousãode
interessepúblicoe
devemserr
anunciados,ou
nãoexistem.”
“Ondeéqueonorte-
americanoaprendeu
arespeitara
bandeira?A
respeitareconhecer
opaísquetem?Foi
atravésda indústria
cinematográfica.”
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