Maio_2002 - page 96

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
modelo ideal. Solidariedade é uma
atitudequedeve impregnar todosos
seus atos. Solidariedade não é só
fazer bem ao próximo; solidarieda-
deé ter compromissoe responsabi-
lidadecom tudooquevocê faz,pen-
sando na conseqüência que vai ter
juntoàsoutraspessoas.Achoqueé
umapostura, umaatitudequedeve-
ria permear esse profissional antes
de tudo. Eledeve ter umaboabase
cultural, para entender o processo
da história. Quer dizer, a eleição de
um candidato não está acontecen-
doapartir daquelemomento;masé
conseqüência de um processo e
pode ser o indicativo de uma piora
do sistema. Você tem que saber o
que está fazendo. Você está contri-
buindo para a melhoria do sistema
ounão?Achoquea leituradeveser
fundamental na vida dessa pessoa
paraque formeopinião sobrediver-
sos segmentos, filosofias, diversas
correntes.Ela temque teressaaber-
tura para a informação. E um dos
grandes defeitos de quando você
abraça uma causa é que você se
torna estreitomuitas vezes, fica im-
permeável aqualquer opinião.Acho
que é desenvolver o espírito demo-
crático, formar cultura e levar muito
asérioaquestãoda responsabilida-
dedoque vocêestá fazendo. Daria
esse conselho. Sei queeleépouco
objetivo em alguns aspectos, mas
eleprocura, antesdemaisnada, es-
timular a reflexão.
Elysio
– Vou ser um poucomenos
romântico. Acho – falando para es-
tudantes – que o perfil ideal nessa
área de comunicação tem de levar
em conta uma dicotomia importan-
te. Não se estabelece a divisão en-
trepublicitárioe jornalista.Achoque
o jornalista tem uma dificuldade
imensadecompreender oprocesso
de marketing eleitoral. O jornalista
não acredita em repetição. Imagine
um jornal que, durante três dias, te-
nha a mesma manchete. Não vai
vendernada.Eacomunicação–não
só de
advertising
, mas também de
propaganda – está baseada funda-
mentalmente na repetição. O anún-
cioéumaobra-primadesintetizar o
óbvio. Publicitárionão temmedodo
óbvio; jornalista tem horror. Então,
essa capacidade de trabalhar com
oóbvio, coma repetiçãoéumperfil
fundamental para quem quer entrar
nessa profissão. Depois dessa for-
mação, é evidente que seria dese-
jável que ele dedicasse o tempo
a leralgumasobras–maisuma
vez recomendo o Kenneth
Minogue –, para entender
como é esse processo; como
essa história começou na
Grécia. O Minogue vê
doismodelosdepolítica.
A política surgida na
polis
grega que é essa
política racional e a po-
lítica romanaqueémais
emocional. Essa Roma
eessaGréciaconvivem
tododianoprocesso–
não estou falando
nem da política;
estou falandodomarketingeleitoral;
do momento de sensibilizar o elei-
tor.Achoquea formação ideal éuma
almadepublicitárioqueacreditano
óbvio;queacreditana repetição;que
sabequeas pessoas só riemdepi-
adasque jáconhecem;quesabe tra-
balhar com o superficial porque o
que está na superfície é o que está
ládentro.Achoqueessaéa forma-
ção ideal para alguém – sabendo
disso, começar a olhar um pouco
mais essa realidade – virar um pro-
fissional “redondinho”.
Stalimir
– E ter um estômago forte
também.
Elysio
–Vou repetir aqui aobserva-
ção do Prof. Cid Pacheco na aber-
tura de um seminário demarketing
que dizia o seguinte: “Tem alguma
criança, algummenor na sala? Se
tiver, ébom sair porque vamos falar
de eleições.”
Marcelo
– Partindo do
geral e indo para o
específico. Acho
que,nogeral,ele
temque ter, sim,
interesse por
“Masestava
usandoummeio
que,paramim,era
nojento,dese
fazercampanha.”
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