Maio_2002 - page 110

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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
Como não tem ferramental para
falar disso e não existe o dinheiro
para falar disso... Equemassina?
A quê propósito? Vamos pegar o
exemplodeSãoPaulo.O anel viá-
rio, queeu jamais fariado jeitoque
foi feito – foi uma decisão política
fazer esse anel viário tarde. É tar-
de, já está tudo congestionado e
o anel não está pronto. Eu teria
chamado, há anos, o Fundo de
Pensão. Daria ao Fundo de Pen-
sãoodireitodeexplorar –nobom
sentido – porque, um dia, esse
anel vai ser privatizado. Então, por
que não privatiza antes?Aí, esse
custo para o governo seria prati-
camente zero, porque oFundo de
Pensão sabe fazer as oito pistas
e sabeexplorar os terrenosque fi-
cam à margem, para fazer os
grandes armazéns e vão alugar
esses armanzéns. Isso seria um
empreendimentomaravilhoso. Pri-
vado, desde o início; sem pegar
dinheiropúblicoe teriauma verba
paraanunciar.Opróprioempreen-
dimento imobiliário seria o veícu-
loparadizer oquevai fazer.Oque
fezaEspanha, naépocadasOlim-
píadas?A iniciativa privada cons-
truiu tudo aquilo, vendeu e só de-
poisdasOlimpíadasosocupantes
forammorar lá. Nisso, todos nós
– a começar pelo governo – so-
mos uns idiotas. O anel viário, é o
governoque faz. Pede concorrên-
cia.Quantoganha?Põemais70%
em cima. E o jornal fala: “Por que
70%? Só pode 30%”. Aí, sai toda
a informação pelo canal do erro e
nós não sabemos se vai termora-
dia, se vai ter condução para eu
morar tão longe, se posso plane-
jar a minha vida através do anel
viário, se aquilo vai ser só para
carga, se não vai ter um
monotrilho na beira da estrada
paraeu ir de tremparacasa.Nada
disso foi sequer planejado. Nós
somos uns idiotas porque há uma
visãopolíticadecomose fazacoi-
sa e uma visão privada distante
dessa coisa. E, lá adiante, por um
dinheiro miserável, vai ser
privatizado porque não se agüenta
tapar buraco o anel viário com di-
nheiro público.
JR – Sim. Mas issonão é papel da
comunicação;éproblemaestrutural.
Alex – Imagine se isso sai numa no-
vela. Comunicaçãoéumaexplicação
doqueestou falandoantesdeaconte-
cer.Temdecomunicar.Aspessoasnão
sabemque issopodeser verdade.
FG – Em outras palavras, o Alex
diz que o comunicador deve tor-
nar-seplanejador.
JR –Ou aliar-se aoplanejador.
Alex –Claro. Se nós três fôssemos
fazer o anel viário hoje. Eu já teria
feito issocomodinheiropúblicoon-
tem, anteontem, dez anos atrás. A
estrada de Alphaville – que estão
cobrando caro pedágio – mas não
foi o governo que fez. Você passa
lá; éconcreto, nãoéasfalto, quevai
ficarestragando.Quandoeles fazem
por conta deles, fazem para durar;
não é uma construção política.
JR – Tenho uma pergunta final a
fazer, que é de praxe, para aten-
der ao interessede todososnos-
sos alunos e, evidentemente, de
nossosprofessores, queéomer-
cadode trabalho. Você represen-
ta ummercadode trabalhoque –
hoje, acho que ainda émuito pe-
queno–quesãoosprofissionais
de marketing e de comunicação
trabalhando para o Estado, no
governo federal, estadual, muni-
cipalque–peloquevocêmostrou
– estão carentes desse tipo de
gente. Acredito que, do lado de
cá, temos uma porção de jovens
idealistas, que gostariam de fa-
zer esse tipo de trabalho. O que
você aconselharia a esses mo-
ços, à Escola e ao governo que
fizessemparaque issose tornas-
seuma realidade?
Alex –Primeiro, a coisa vai mudar.
Temquemudar porqueoBrasil não
pára. A despeito do governo A ou
B, este país vai para frente. Éme-
lhor acreditar nisso do que ficar pa-
rado. Mas falta, no Brasil, roteirista.
Não há, sequer, aula de roteiros.
Roteiristaspara tudo.Opodermaior
da comunicação no Brasil está na
mãodemenosdedez roteiristas,que
são os dramaturgos que escrevem
novela.Não tem nem dez. Sem fa-
lar que também tem teatro,
storyboard
para comerciais inteli-
gentes. OBrasil não fazmá figura
“AGlóriaPerez–
comanovela
‘Oclone’ –está
fazendouma
maravilhosatarefa
decidadania–
contraadroga.”
“Nasnossas
conversascomo
Dr.Roberto
Marinho, falamos,
váriasvezes,sobre
isso.”
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