Julho_2008 - page 17

Ivan
Zurita
17
JULHO
/
AGOSTO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
no Brasil (eram 19, antes) e tenho
uma semana de estoque só para os
caminhões – sãoquatromil carretas,
nestemomento, transportandomeus
produtos – e há mais uma semana
de estoque nos três centros de dis-
tribuição. Aumentou a rotação do
capital e do trabalho, isso traz uma
eficiência fantástica para a organi-
zação. E não fizemos mais, porque
não havia informática, sistemas, não
havia formasdedarmaisvelocidadea
tudo isso.CrieiUnidadesdeNegócios
– antigamente era aNestlé comoum
todo.Agora,abusinessunitdechoco-
late se compara aos concorrentes de
chocolate. Não se compara Nestlé
com Danone; compara-se iogurte
NestlécomaDanone, sorveteNestlé
com a Kibon. Fazemos um teste que
é interessante: às cegas, qualquer
produto que vá para mercado tem
de ser 60%preferido frente aonosso
principal concorrente.
GRACIOSO
– Napoleão Bonaparte
não entrava em nenhuma batalha se
tivesse menos de 80% de chances
de vencer. Você está sendo mais
modesto.
CÉLIA
– Diante de toda essa veloci-
dade, comoéqueficao seuplaneja-
mentode longoprazo?
IVAN
– Hoje, nosso horizonte é de
trêsanos.Fazemosummasterplande
dezanos,revisado todoano,eo longo
prazodeexecuçãoéde trêsanos,mas
se, nomeio do caminho, for preciso
fazer algumacorreção, elaé feita.
CÉLIA
– Isso é feito com muita
freqüência?
IVAN
–“Muita”não.HojeoBrasilestá
mais estável, então se pode planejar
melhor. No Brasil, cada aumento de
trêsporcento, leva-meaconstruiruma
fábrica nova. Omercado é grande,
a dinâmica também, e isso requer
planejamento constante. Se quiser
me manter, na posição que tenho
hoje – num país que cresça cinco
porcentoaoano– tenhodeconstruir
duas fábricas por ano, para manter
o
status quo
. Dezenove por cento
da população de São Paulo moram
sozinhos: sete milhões de mulheres
trabalham, e não trabalhavam antes.
Logo,aalimentaçãoemcasasóexiste
nos finais de semana ou nemmais,
porquemuitos saemparacomer fora.
Então temos de nos adaptar a isso:
quem compra, onde consome e por
queconsome.
CÉLIA
–ANestlésempre tevemarcas for-
tíssimas,comoficaaquestãodasmarcas?
IVAN
– “Marca” é um trabalho perma-
nentederejuvenescimentoouatualização
porque, caso contrário, morremos junto
comasmarcas,adentramosnumtúnelde
nostalgia.Aúnicamarcaquenãoenvelhe-
ceaquiéMoça,estásempremoça...
GRACIOSO
– Como você consegue
rejuvenescerumamarcacomoNinho,
um produto tradicional que deve ter
uns100anospelomenos.
IVAN
– O Ninho, antigamente,
era um leite para ser consumido
pela falta de geladeira, pela falta
de recursos de conservação. Em
paralelo, a longevidade das pes-
soas mudou também. Hoje temos
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