Julho_2008 - page 11

Ivan
Zurita
11
JULHO
/
AGOSTO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
seqüências de vários tipos. Por um
lado, as empresas perdem a visão
do longoprazo, tornam-se imedia-
tistas, pressionadas pelos próprios
acionistas. Entretanto – como no
casodaNestlé–éprecisopreservar
opatrimôniomaiordaempresaque
são as marcas, a confiança que o
mercado temnela.Asestratégiasdo
marketing jánão sãomaiso “santo
milagreiro” de antigamente,
pois grandes concorrentes se
neutralizam entre si. Como fica o
marketing, nesse contexto? E, em
relação ao pessoal, que continua
a ser o patrimônio mais impor-
tante de qualquer empresa? Não
precisa falar da Nestlé – quero
sua visão pessoal.
IVAN
–Realmente,abuscade resulta-
dos, àsvezes, superaacapacidadede
respostas.Ecomovocêdizia,o tempo
é fundamental: o tempodo resultado,
o do retorno sobre o investimento. O
jovem que entra aqui também tem
pressa; se eudisser que ele vai passar
dois anos estagiandoantesdealmejar
um cargo, ele não fica. Tudomudou.
Temosdenosadaptaraessa realidade
dinâmica. Hoje, se, por um lado, co-
bramosmais, por outro, a relação de
disciplinacomaempresaébemmenor
do que antes. A nossa sensibilidade,
em funçãodaculturaqueabsorvemos
nacompanhia, eeumepergunto: “O
que você está buscando: a formação
ouaoportunidade imediatista?Háque
definir o que se quer”. Realmente, a
mudança foimuito radical, dinâmica.
Porexemplo,quasetododiatemosum
projetonovo.Nomomento, temos92
projetosemdesenvolvimento.
GRACIOSO
–Oatual prazodepay
off de um projeto é o mesmo de
antigamente?
IVAN
–Não.Osparâmetrosmudaram
totalmente. Costumo dizer que, se,
no passado, as grandes corporações
tivessem feito cálculos de rentabi-
lidade, talvez eu não estivesse aqui,
mas sim na América Central. Hoje
tudoéretornosobreo investimento,a
velocidadedo investimento,você tem
de levar emcontao riscodos países.
OBrasil temumrisco,aEuropaoutro.
Numa reunião com assessores exter-
nosemque sediscutiaoRiscoBrasil,
euperguntei: “Se vocês tivessemum
bilhão de dólares, colocariam aqui
naEuropa”? Eles responderam “claro
que não” e eu retruquei “mas aqui
não tem risco!”.Eeles: “mas também
não temnegócio”.Atéoconceitoea
definiçãodeRiscomudaram. Senão
existe risco,nãoexisteoportunidade.
O risco é inerente ao negócio. Para
issovocêprecisadevelocidadedede-
cisão,de todaa informática.Agrande
preocupação de uma corporação é
que não se torne grande e, conse-
quentemente, lenta.Porexemplo,em
termosdeestratégiase ferramentasde
marketing,estamoshojecriandouma
linguagem atual, para o consumidor
dehoje,queé totalmentediferenteda
queusamos há cincooumesmo três
anos. Senãonos adaptarmos, vamos
deixar de ter eficiência na nossa
comunicação.Enquantoestamosaqui
conversando, eu estou conectado
comacompanhianomundo inteiro;
aNestlé Brasil está, nestemomento,
conectadacomomundo.Hádiasque
recebo600e-mails.
CÉLIA
– E como você administra
isso?
IVAN
– É também uma dinâmica de
trabalho, de velocidade, dediscernir,
rapidamente, oqueémaisoumenos
importante,porqueaorganizaçãonão
“QUEMNÃO LEVAR
OTEMPOEM
CONSIDERAÇÃOÉ
FORTECANDIDATO
AO FRACASSO.”
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