Janeiro_2007 - page 10

GustavoAlberto
CorrêaPinto
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
para com as gerações vindouras, no
que iremos legar a elas.Odesafiode
cadageraçãoéacrescer,aopatrimônio
de experiência, valores, ideais que
recebeu e legar mais à geração vin-
doura, o que significa que fizemos a
nossaparte.
GRACIOSO
– Isto pode ser trans-
posto para o universo da empresa,
semdúvida.
GUSTAVO
–Deve ser transposto, sea
empresa tiver consciência de que ela
veioparaperdurar e, seveioparaper-
durar,temdepensararesponsabilidade
delaparacomasgeraçõesvindouras.
JR
–Emumadenossas reuniões para
preparaçãodestaRevista, aLúcia (co-
ordenadora editorial) sugeriu que eu
consultasse o Koan para saber como
deveriaserestanossaediçãosobrees-
piritualidade.Fizaconsultaearesposta
foi parecidacom issoquevocês estão
falando,diziaalgocomo:“olhempara
opassado, reflitamsobreoquefizeram
até agora e decidam o que vão fazer
no futuro”.Trago istoàdiscussão,para
falartambémumpoucodaexperiência
doGustavona traduçãodo I-Ching.As
nossasreligiõese ideologiasespirituais
ocidentaistendemaumcertoceticismo
e racionalismoeas pessoas tendema
ironizar,porexemplo,umaconsultaao
oráculo.Comovocêvêessaconvivên-
ciadas pessoas com a espiritualidade
quepodem trazero I-Chingparaoseu
dia-a-dia–e, porquenão, paraavida
dasempresas?
GRACIOSO
–Vocêquerdizeréqueé
possívelprevero futuro?
JR
–Nãoseisepreverofuturo,masesse
“parar para refletir” – consultando o
oráculo.OI-Chingtemmuitodisso:“vá
ver ograndehomem; sevocêestáem
dúvida,comalgumaangústia,pergunte
ao grandehomem”. Isso fazpartedas
preocupações de cada pessoa, sobre-
tudonaquestãodoplanejamento...
GRACIOSO
–Permita-meacrescentar
o meu próprio exemplo. Freqüen-
temente, tenho de tomar decisões
“O IMEDIATISMO, AVISÃODECURTOPRAZO,
PENSARSOMENTENARENTABILIDADE: ISSO
VAI ESVAZIARASEMPRESAS.””
entusiasmando, empolgando gente e
agregando pessoas que queiram par-
ticipar da realizaçãodesse sonho: “Eu
façopartedeumaempresaquepropôs
que–daqui a250anos, –emcada lar
nomundodeveráexistir algumacoisa
fabricadapornós,queestejasendoútil
àquela família. O que será isso, não
fazemos a mínima idéia hoje, mas o
quequer que seja, terádeestar sendo
útilparaaquela família”.
GRACIOSO
–Semdúvidaalguma,isso
é um valor ético, portanto, um valor
espiritual.
GUSTAVO
– Exatamente, porque a
éticaéumaexpressãodeespiritualidade
nomundoconcreto.
GRACIOSO
– E quanto à atempo-
ralidade, isto é, a noção que têm os
orientais, talvezmelhordoquenós,de
que o passado já não existe, o futuro
ainda não existe e o que importa é o
presente. Como se explica isso, se o
japonês pensaeplaneja tantoa longo
prazo?
GUSTAVO
– Esta afirmação refere-se
especificamente a uma tendência
de dispersão da mente, voltando-se,
por apego, amemórias do passado e
antecipando, por ansiedade, suas ex-
pectativasde futuro. Issonão significa,
emabsoluto,anegaçãodaimportância
do passado e da necessidade de nos
valermosdelenopresenteparapoder-
mosprojetarumfuturoconfiante.Acho
que um ponto importante é que os
orientaisenfatizaramsempreaquestão
docultoaosantepassados.Oqueestá
portrásdessecultoaosantepassados?A
consciênciadeumsentido legadopas-
sando emovendo a história humana.
Somosherdeirosdoquerecebemosno
passado,mas temosumcompromisso
Issonãosignifica, em
absoluto, anegaçãoda
importânciadopassado
edanecessidadedenos
valermosdelenopresente
parapodermosprojetar um
futuroconfiante.
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