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          R E V I S T A D A E S P M –
        
        
          M A I O
        
        
          /
        
        
          J U N H O
        
        
          D E
        
        
          2 0 0 5
        
        
          O
        
        
          ÚltimoDia
        
        
          vezesmenosdoquevalehoje,mase
        
        
          as fraldasdemeu filho?Tampoucoas
        
        
          troquei!”Oolhardele, surpreenden-
        
        
          temente, transformou-se.Pareciaque
        
        
          olhava aquele filho chorando, ali,
        
        
          agora,naquele instante.Comosolhos
        
        
          marejados, à espera de uma ajuda,
        
        
          deumconforto,deuma intervenção,
        
        
          que pudesse aliviar a dor das
        
        
          emoções. Eu não sabia o que fazer.
        
        
          Fiquei surpreso. Por instantes, o que
        
        
          euacostumaraavermudou.Osábio
        
        
          e equilibrado presidente que sabia
        
        
          tudo revelavaumaoutra faceta.Uma
        
        
          personalidade rica e complexa há
        
        
          muito tempo escondida.
        
        
          Sóentãocomeceiaentenderporque
        
        
          euestavaali.Comecei a transitar na
        
        
          durezadomomento,na intensidade
        
        
          de tudoaquiloenaquela intimidade
        
        
          que,enfim, se revelara.Tratava-sede
        
        
          um líder. Um líder de fato e direito.
        
        
          Homemdesucessoreconhecido.De
        
        
          vitórias representadas em todos os
        
        
          cantos da sala e nas minhas lem-
        
        
          branças. Láestavaele,noúltimodia
        
        
          de trabalho. Eodia seguinte?Como
        
        
          seria viver depois de todas as festas
        
        
          e comemorações, discursos, cartas
        
        
          e agradecimentos? No dia seguinte
        
        
          não teria mais o carro com o fiel
        
        
          motorista e tudo o mais que o
        
        
          cercava de pompas e solenidades.
        
        
          De repente ele diz: “Comprei um
        
        
          HondaFit.Carropequeno.Nãocha-
        
        
          ma atenção e não quebra”. Falava
        
        
          como seavida recomeçasse.Como
        
        
          se apósmuitos anos recomeçasse a
        
        
          andar.Pelaprimeiravezsentiaquela
        
        
          situação mais do que ele. Pela pri-
        
        
          meiravez sentique tinha finalmente
        
        
          espaço para fazer perguntas a si:
        
        
          Quem sou eu? Senti uma eterna ri-
        
        
          queza naquele instante. Diante de