Maio_1998 - page 36

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E
xiste em cada um de nós,
profissionais,a real consciênciado
quequeremos ser?Deondeecomo
queremos aplicar nossa energia e nosso
tempo?Ou seja. fala-se tanto deobjetivos
para as empresa . para as áreas. para os
projetos e pouco se fala de objetivos
pessoais. Será que temos nosso real
objetivo de vida claro? Sabemos aonde
queremos chegar de fato?
Os resultados profissionais que
atingimos satisfazem-nos verdadeira–
mente?Aquelenegócio fechado,ocliente
conquistado, o projeto realizado, a
promoção tãoesperadaetc. são suficientes
para que nos sintamos motivados, ou a
satisfação é apenas aparente.
Existe um sentimento de plenitude
oudeextremo vazio?
O que se observa é uma grande
contradição presente no mundo das
empresas, talvez ainda não percebida na
sua profundidade.
Vivemos um momento em que os
times esportivos são modelos utilizados
para formas de trabalho em equipe -
Revista da ESPM
-
Maio/Junho de 1998
menoscontraditório,éo interessecrescen–
te pela espiritualidade, demostrado na
necessidade de maior paz de espíri to,
tranqüilidade, equilíbrio pessoal e na
grande buscapeloautoconhecimento,que
vem se espalhando pelo mundo inteiro.
com a velocidade da globalização. A
contradição estáem que a mente racional é
tão requisitada, que o espírito fica em
segundo plano (ou talvez nem plano tenha).
Que tal ficar sem pensar? Que tal
dar trégua
à
nossamente e simplesmente
respirar, apenas ser? Parece quase uma
Proposta Indecente, para quem tem que
utilizar todos os segundos disponíveis
parapensar, pensar,pensar, tomardecisões,
sair na frente, ser criativo.
O interessante
é
perceberque, com
o passar do tempo, vai-se perdendo a
criatividade, vai-se perdendo a vontade e
aí,comcerteza, aculpaéodo
stress.
Bem,
é fácil resolver... só tirar algumas férias...
um dia, quando for possível. Incons–
cientemente está a insegurança de poder
ser muito bem substituído e,
conscientemente as desculpas: agora não
Eaí,ocorpo ficaparauma próxima
vez, como se não tivesse a menor
impottância, como se fosse possível fazer
algumacoisasemele.
Percebe-se, então. que as férias
terminarameque amelhor coisaa fazeré
voltar a trabalhar e não pensar. Estranho
esse raciocínio, uma vezqueoquemaisse
faz enquanto se trabalha é pensar. Aqui,
então, mais umadas contradições: pensa–
se,
é
verdade, e muito, mas pensa-se nos
problemas da empresa, do trabalho, do
projeto e se coloca toda a energia vital a
serviço de outros objetivos, talvez
utilizando um raciocíniomuito comum: é
assimquesei ganharavidae fazerdinheiro.
Onde começa todo
esse problema?
O problemacomeçamuitocedo, no
momento da escolha profissional. Bom,
com 17ou 18anos, poucoounada se sabe
da vida e é nessa idadeque se resolve ser
médico, engenhe iro,
O
interessante
é
perceber que, com o passar do tempo,
vai-se perdendo a criatividade, vai-se perdendo
advogado, administrador,
psicólogo, veterinário etc.
Eé nessemomentoemque
decidimos um dos maiores
motivos para nossa
a vontade e aí, com certeza, a culpa
é
o do
stress.
teamwork-
mas. ainda,oque mais sevêé
o time do "eu sozinho", de competição e
da concorrência. Até que ponto as
empresas têm condiçõe · básicas para
trabalhare construir times?Atéqueponto
os profi ssionais sabem compartilhar o
sucesso, cooperar e ter um objetivo
comum,condições básicas parao trabalho
em time.
Aomesmo tempoemqueexisteuma
necessidade cada dia maior de vencer a
concorrência (seja empresarial, seja
pessoal), é preciso que se trabalhe em
parceriae em times. Quem vencee quem
sabemais,quem temmais infonnação,mas.
cada vez menos tempo e tem face ao
volumedematerial disponível.
Outro aspecto a se considerar. não
dá, apareceu um novo projeto, falta de
colaboradores, problemas na empresa.
solicitaçãodapresidência.Ao fim de toda
uma luta interna ... uma semana de
férias! !! (semanaessa talvez passadaem
meio a vários te lefonemas para o
escritório).
Nomeio dessa pequena semana de
férias, olha-se para o espelho e. na
televisão.outracontradição ficaevidente:
na TV. a importância da manutenção do
vigor físicoe, noespelho. o corpo aparece
meio velhoe semvida, gordoe flácido, ou
apresentaumagrande tendência para tudo
isso. Aquela partida de tênis. aquela
caminhada, aquele futebolzinho... sãomuito
pesados. começaa faltar oar.Deixapra lá,
um uísque ajuda aesquecer....
felicidadeou infelicidade.
Voltemos, então, ao
passado: com base em que fizemos nossa
opção profissional? Sugestão dos pais,
·'dava dinheiro.., era a tendência do
mercado, era necessidade do momento,
do local. eramais fáciIentrar na faculdade
c
daí por diante. Talvez poucos de nós
possamos dizer que fizemos a opção da
formação profissional porque realmente
gostávamos e nos identificávamos com a
escolha.Então, temosmédicosquegostariam
de ser cantores de ópera, presidentes de
empresa que gostariam de ser juízes,
gerentes de inf01mática que gostariamde
ser veterinários e advogados que
gostariam de ser músico. .
esse momemo. cada um de nós
poderia se questionar sobre os próprios
sonhos. Onde foram parar?
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