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inflac ionárias. Outras questões não
meno importantes teriam soluções
ligada ao de envolvimento agrícola:
a absorção de maiores contingentes de
mãode obra, a melhoriadadistribuição
de renda e, ao mesmo tempo, a
contenção do êxodo rural. Também a
crise internacional do petróleo criava
a necessidade de fonte a lternativa
durável de energia para o setor
automotivo, encontrada no plantio de
cana de açúcar.
A região Centro-Oeste, os
Cerrados, começou a ser "aberta'' paraa
agricultura. Porém seu solo, tal como o
da Amazônia. não era adequado para o
plantio. por sua excessiva acidez. Seria
indispen ável incrementar a produçãode
fertilizante corretivos, principalmente
os compostos chamados macronu–
trientes básicos: nitrogênio, fósforo c
potássio (NPK). O setor privado não
estava preparado para reali zar os
investimentos necessários. Coube ao
Estado chamar a si a incumbência.
Dentro deste quadro, nasceu a
FOSFÉRTIL, constituída pela CVRD–
Companhia do Vale do Rio Doce. com
a incorporação de uma pequena usina
do CPRM - Companhia de Pesquisas
de Recursos Minerais. com o objetivo
de explorar e comercializar as jazidas
de fo fato natura is de Patos de
Minas, MG. Em fins de 1980 houve a
incorporação de Mineraçãodo Vale do
Paraíba S/A - Valep, que explorava a
mina de Tapira e da Fertilizantes Vale
do RioGrandeS/A- Valefertil , com seu
complexo industrial de Uberaba, ambas
pertencentes à CVRD.
O grupo resultante destas incor–
porações passou a ser controlado pela
FOSFÉRTIL que, por sua vez. era
controlada pela PETROBRÁS. através
de sua subsidiária PETROFÉRTIL. Em
fins de 199 1 a FOSFÉRTIL era
responsável por 50% da produção
nacional de fosfatos (P205), com cerca
de 550.000 t/ano e acumulava perdas
da ordem deUS$ 150 milhões. essa
época foi decidida sua privatização.
Revista da ESPM
-
Maio/Junho de 1998
Características da
empresa enquanto
estatal
Adefiniçãodamissãoda empresa
comoestatal poderia se resumir, segundo
documento interno escrito no período
que antecedeu sua privatização, a:
"A Empresa tem por obj etivo
básico o aproveitamento das ja:.idas
minerais,mediantepesquisa, lavraecon–
centraçiio de rochas
fo~Játicas;
o
aproveitamento industrial de minérios
fosfatados e associados ou 11ão a estes
e, também. a obtençiio de outros
produtos químicos e o comércio,
transporte. e:rportaçlio e importaçiio
destes produtos"
Para uma análisemaisacurada das
implicações desta definição de missão,
será interes, ante. desde já, ter-se uma
idéia da definição para a missão da
empresadepois de privatizada:
"Buscar continuamente a satisfa–
ção dos clientes, com a participaçcio e o
comprometimento de seus recursos
humanos. através da excelência de seus
produtosdeformacompetitivae rentável,
preservando o meio ambiente e
comribuindo para o desenvolvimemo da
agropecuária nacional"
As diferenças entre as duas
definiçõe são evidentes. Nota-se que na
missão estatal não estão incluídas as
expressões "satisfaçãodos clientes'' e "de
forma competitiva e rentável". Tais
omissões não são mero acidente ou
esquecimento. Na verdade, assumindo
uma perspectiva histórica. as estatais
foram criadas para o estabelecimento de
recursos de infra-estrutura industrial no
paíse. como tempo.passaram aserum fim
em si mesmas. Os conceitos de
competitividade e de rentabilidade não
precisavam fazer parte da visão de
negócios.
o primeiro caso porque o
mercadoeravirtualmonopólio. ogoverno
controlava praticamente 100% da
produção nacional c as importações de
matérias primas para fertilizantes eram
dificultadas pelas altas. No segundo
caso. porque a e tatais foram criadas,
por definição, na intersecção de dois
tipos de ituação:
• áreas estratégicas que não pode–
riam serexploradas pela iniciativaprivada
nacional e muito menos pelas
multinacionais,
• áreas emque a iniciativa privada
nacional não teria recursos suficientes
ou interesseemexplorar.
A agricultura eraconsiderada área
estratégica paraoBra iIe. pordecorrência.
tambémoeramos fertilizantes.
Por outro lado. não havia. há vinte
anos atrás. um grupo financeironacional
disposto a investir US$ I bilhão em
instalações de minas e procedimento
industrial de minérios fosfatados.
A cultura organizacional
Asmudançasquedeveriamocorrer
exigiamuma"novaculturaorganizacional"
daempresa.
Poressacultumseentendeoconjunto
dos valore e crenças que regem o com–
portamento das pessoas dentro
da
empresa.
Antes
da
privatização algun aspectos desta
cultura eram bastantes negativos:
Relacionamentos com os fun–
cionários
-
Um aspecto da missão da
estatal , bastante controverso e não
formalizado em um documento, seria a
"missão social da estatal".
Aestatal deveriadargrande valorao
relacionamentocomos funcionários, comoa
garantia de seus empregos, o que levava a
empresa a uma política extremamente
paternalista. Haja vistaos vários acordosde
benefícios entre elae os funcionários.
A FOSFÉRTIL avaliava seu
pessoal segundo dois parâmetros: mérito
e tempo de empre a. Inicialmente um
funcionáriopoderia sedestacar pormérito
e terum avançoem suacarreiramais rápido
doque teriaoutromenosesforçado. Porém.
ao chegar a um certo limite. a ascensãode
qualquer profissionalse tomavamais lenta
atéatingirumpatamarnoqual estacionava.
O profissional mai s esforçado era
promovido mais rapidamente até este
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