Janeiro_2008 - page 118

118
R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Ponto de
vista
Osurgimentodacorrentedepensamentoqueentendeoconstante
crescimentoprofissionaldaspessoaseaobtençãodomaiornível
decomprometimentodelascomasorganizações fazpartedeum
desenvolvimento da história da administração ao qual é impos-
sível associar um sónome.
Oartigopartedopressupostodequeestacorrentedepensamento
tem relevância para as organizações na sua busca para atingir
resultadoseconômico-financeiroscrescentementepositivos.Após
uma passagem sobre o histórico de especialistas que influenci-
aram essa tesenos últimos dois séculos,menciona informações,
opiniões e fatos reais do ambiente de negócios nacional, que
corroboram a abordagem proposta para o tema.
UMOLHAR
mundo corporativo clama por
Conselhos de Administração reais
e legítimos. A livre iniciativa e as
leis de mercado, a curto prazo,
permitem interpretaçõese decisões
nem sempreharmônicas, equilibra-
das e ponderadas, considerando
interesses conflitantes entre for-
necedores, colaboradores, “CEOs”,
facilitadores,órgãospúblicos, clien-
tes, distribuidores, consumidores,
acionistasea sociedade.No tempo,
avozda sensatez sempre irácorrigir
os desvios de rota das companhias,
cobrando preços altíssimos, mas,
para já, empresas podem tomar
decisões objetivando conquista de
participação demercado, aumento
da rentabilidade, saídas de merca-
dos, vendas e aquisições, relações
comomercadodecapitais,políticas
de recursos humanos, que sejam
estimulantes numavisãocurta,mas
desastrosas na perspectiva longa.
OsConselhosdeAdministraçãode-
vem conhecer os fatores críticos de
sucesso dentro de cada segmento,
e não serem apenas formados por
personalidades notáveis, mas por
capazes com tempo dedicado. Os
Conselhos devem ser profissionais,
estudiosos. Gente capacitada, com
história de vida comprovada e
domínio de distintas áreas de es-
pecialização. Um Conselho deve
representar a diversidade de visões
do “entorno”deumacorporaçãoe
reunir cérebro, coração e coragem.
Semcoragemparadizeroquepreci-
sa ser feitoecobrar a suaexecução,
de nada valem os dois anteriores.
Um Conselho deve presidir a mis-
são, visão e valores corporativos e
atuar com o pêndulo do tempo nas
suasmãos.
CEO’s motivados para oferecerem
resultados de curtíssimo prazo pro-
movem“turn-around”espetaculares,
ganhamprêmios, bônus edestaque
nas primeiras páginas de revistas e
jornais,paradepoisdealgum tempo
descobrirmosquesuasdecisõesabri-
ramumaenormecraterana rodovia
do futuroda companhia.
Acionistascomegos inflamados, na
disputa competitiva pelos poucos
lugares no pódium, costumam, até
por serem “humanos”, colocar a
causa, a obra, a empresa a serviço
de suas motivações íntimas e pes-
soais. Quando isso acontece, há
uma inversãodevalores, eaagenda
daempresaécolocadaem segundo
plano. Conselhos deAdministração
que ficam dominados nessas situa-
ções devem ser responsabilizados
pelos inevitáveis fracassos futuros.
As crises aéreas, as crises navais, as
crises terrestres, ascrisesde lideran-
ça. As organizações globais pegas
em falcatruasdealtonível.Ascrises
pelosmodismos, pelos excessos de
modelos matriciais, pelo medo de
liderar e das dores que essa mis-
são provoca, nos levam a zonas de
conforto, onde existe sempre uma
diluição de responsabilidades.
Os Conselhos de Administração
precisam e devem tomar posições
de maior visibilidade, responsabi-
lidade e atuarem como zeladores
dos valores da livre iniciativa numa
democracia com sustentabilidade,
abandonando, definitivamente, pa-
péisdecorativosedeempréstimode
seus nomes para fins,muitas vezes,
nebulosos. Conselhos legítimos são
vitais para as organizações e para a
democracia.ConselhosdeAdminis-
tração, que sejam, notavelmente,
capazes.
José LuizTejon é professor doPós-Graduação da FGV e da ESPMdeSãoPaulo.Mestre emEducação,
Arte eCultura pelaUniversidadeMackenzie. Escritor e consultor:
JOSÉ LUIZTEJON
CONSELHOSDE
ADMINISTRAÇÃO:
O
NOTÁVEISOUCAPAZES?
1...,108,109,110,111,112,113,114,115,116,117 119,120
Powered by FlippingBook