 
          Mesa-
        
        
          Redonda
        
        
          
            108
          
        
        
          R E V I S T A D A E S P M –
        
        
          M A I O
        
        
          /
        
        
          J U N H O
        
        
          D E
        
        
          2 0 0 5
        
        
          em termosdosresultadosdaquiloque
        
        
          estou aplicando. Caso contrário, não
        
        
          terei condições dedar aula.Quando
        
        
          as pessoas idosas mantêm um
        
        
          mínimo de saúde física, de trata-
        
        
          mento neuronial – com Viagra ou
        
        
          semViagra – não encaram a morte
        
        
          comoumavizinhança fatal,doponto
        
        
          de vista de produtividade, de atuali-
        
        
          zação e contemporaneidade, não
        
        
          devem nada a ninguém. Claro que
        
        
          há problemas graves sociais, pelos
        
        
          quais passa o país, mas este é o
        
        
          problema do país. Vai chegar omo-
        
        
          mento em que não pode havermais
        
        
          aposentadoria. Não vivo da minha
        
        
          aposentadoria;elanãodáparapagar,
        
        
          sequer, ocondomínio.Masusandoo
        
        
          sentido dessa contemporaneidade –
        
        
          que antecipa a experiência e a
        
        
          vivênciaeaprojetanocenárioviável
        
        
          e imediato – nesses últimos 10 anos,
        
        
          entreguei-me a isso com convicção,
        
        
          escrevi 5 livros, mudei ométodo de
        
        
          ensino 3 ou 4 vezes – porque se
        
        
          mantiveromesmométodoqueusava
        
        
          há 5 anos, perco a legitimidade da
        
        
          minha função. Acho que esse
        
        
          problema da velhice e da não-ve-
        
        
          lhice tem de ser reformulado, em
        
        
          termos estruturais e históricos.
        
        
          JR
        
        
          –Parecequeonossocompanheiro
        
        
          mais idoso é que está propondo as
        
        
          coisas mais revolucionárias.
        
        
          AMALIA
        
        
          –  Issome parece precon-
        
        
          ceito ao contrário.
        
        
          GALASSO
        
        
          –Temos é que o admirar.
        
        
          Se pensarmos na média da popu-
        
        
          lação brasileira, ele é uma enorme
        
        
          exceção lá em cima e sozinho...
        
        
          JR
        
        
          –Sim,mas por quenãopodemos
        
        
          ter mais pessoas como oMário?
        
        
          MÁRIO
        
        
          –Ahistória levaa isso.Daqui
        
        
          a 50 anos, as pessoas de 80 anos
        
        
          estarão vigorosas.
        
        
          GALASSO
        
        
          –Mas oproblema social
        
        
          é grande. A pessoa chega à aposen-
        
        
          tadoria, hoje, dá graças a Deus que
        
        
          chegou e pode – com aquele
        
        
          dinheirinho – sustentar a família.
        
        
          MÁRIO
        
        
          – AAmalia comentou que
        
        
          ohomem – quando fica viúvo – ten-
        
        
          de a arrumar novos casamentos. As
        
        
          mulheres casammenos, uma segun-
        
        
          da vez. Isso também é umproblema
        
        
          cultural: oexcessodepatriarcalismo.
        
        
          Em 2002, de um total de 2.424
        
        
          casamentosdepessoas entre60e64
        
        
          anos,71% foramdehomenseapenas
        
        
          29% de mulheres. No grupo de 65
        
        
          anos ou mais, as proporções foram
        
        
          de 84% para homens e 16% para
        
        
          mulheres. Isso é do IBGE. Diz o
        
        
          ditado popular que as mulheres
        
        
          evitam casar duas vezes, por sabe-
        
        
          rem quemudar demarido é apenas
        
        
          mudar de problema. Assim como –
        
        
          segundo a vozdopovo –os homens
        
        
          amam com os olhos enquanto as
        
        
          mulheres amam com os ouvidos.
        
        
          Agora, Machado de Assis já dizia:
        
        
          “A pior viuvez é aquela que anula o
        
        
          casamento, conservandoocônjuge”.
        
        
          Amulher deuumpassomuitomaior
        
        
          porque ela vem com uma capaci-
        
        
          dadedecontemporaneidadesuperior
        
        
          aohomem.Apartirdadécadade60,
        
        
          nahoraemqueela saiueconquistou
        
        
          os direitos... A revolução mais
        
        
          importante do século XX, paramim,
        
        
          é a revolução feminina.
        
        
          AMALIA
        
        
          – Ela não saiu exatamente
        
        
          porque quis. Meu quinto livro foi
        
        
          lançado no dia 8 de março – dia
        
        
          internacional da mulher: “Mulher e
        
        
          trabalho: o desafio de conciliar
        
        
          diferentes papéis na sociedade”.Um
        
        
          dos problemas que fez com que a
        
        
          mulhersaíssedecasapara ir trabalhar
        
        
          é porque, a cada 4 segundos, no
        
        
          Brasil, umamulher éespancadapelo
        
        
          seuparceiro. Issonãoé sóporqueela
        
        
          precisa sair; ela precisa de indepen-
        
        
          dência financeira para poder viver e
        
        
          deixar o seu algozpara trás. Então, a
        
        
          evolução ou revolução, é quan-
        
        
          titativa e não qualitativa. Seria bom
        
        
          se isso fosse para um crescimento
        
        
          espontâneo, porque o mercado
        
        
          precisa de mão-de-obra feminina,
        
        
          mas não é oque está ocorrendo; é a
        
        
          necessidadeensinandoosapoapular
        
        
          da pior maneira possível.
        
        
          ALEXANDRE
        
        
          – Quero destacar o
        
        
          que o Mário disse sobre o sucesso
        
        
          que está tendo com as turmas mais
        
        
          jovens, porque acho isso realmente
        
        
          emblemático: a capacidade do ser
        
        
          humano de se renovar. Já vi profes-
        
        
          sores bem mais jovens não tendo
        
        
          sucesso e outros que tiveram. A
        
        
          mesma coisa com professores mais
        
        
          velhos. A idade cronológica tem
        
        
          cada vez menos correlação com a
        
        
          capacidade da pessoa. Já vi execu-
        
        
          tivos de multinacionais brilhantes e
        
        
          medíocres; e isso nada tinha a ver
        
        
          com tempodecasa.Asociedade tem
        
        
          “NAVIDA,CHEGAMOSDESPREPARADOSA
        
        
          QUALQUER IDADE.”
        
        
          BERTHEMORISOT