 
          Mesa-
        
        
          Redonda
        
        
          
            106
          
        
        
          R E V I S T A D A E S P M –
        
        
          M A I O
        
        
          /
        
        
          J U N H O
        
        
          D E
        
        
          2 0 0 5
        
        
          gente jovemquer trabalharemONG.
        
        
          Mascreioqueo focodaquestãoestá
        
        
          na mudança.
        
        
          AMALIA
        
        
          – As pessoas também têm
        
        
          dificuldades para lidar com títulos;
        
        
          pensam que os títulos são elas,
        
        
          achamqueomotoristaeocarroque
        
        
          têmsãodelas.Então,nãoconseguem
        
        
          mais saber quem são e quem é o
        
        
          personagem. Acho que a nova
        
        
          geração está mais desprendida
        
        
          desses conceitos. Ao mesmo tempo
        
        
          há preconceito de ambos os lados –
        
        
          tanto os mais quanto os menos
        
        
          experientes. O jovem chega ao
        
        
          mercado de trabalho querendo ser
        
        
          gerente sênior inter-galático do
        
        
          planeta Terra. Ele não quer carregar
        
        
          caixas, papéis, como a geração an-
        
        
          terior; já quer entrar no topo. Já os
        
        
          mais velhos e experientes acham-se
        
        
          os “donos dacocadapreta”: paraele
        
        
          é o carro, a sala, o título – e não
        
        
          consegue viver sem isso.
        
        
          FLÁVIO
        
        
          – Entrevistomuitas pessoas
        
        
          jovens. Eles vêm “totalmente
        
        
          qualificados”: comMBA, falam in-
        
        
          glês, francês, alemão, espanhol. Aí
        
        
          pergunto: “você falaportuguês?”Eles
        
        
          vêmpreparadosparaomercado,mas
        
        
          não para a vida.
        
        
          JR
        
        
          –GostariadeouviroMarcos, que
        
        
          estáemrecursoshumanos,sobreuma
        
        
          questão aritmética. Dois executivos,
        
        
          na empresa há algum tempo, cada
        
        
          um ganha um bom salário. Manda-
        
        
          se os dois embora e contratam três
        
        
          mais jovens, atémais barato do que
        
        
          os dois mais velhos. Qual é a sua
        
        
          experiência com esse tipo de coisa?
        
        
          MARCOS
        
        
          – Eu nunca presenciei
        
        
          isso.Mas há empresa que toma esse
        
        
          tipo de decisão, muito mais pelo
        
        
          lado financeiro. A reengenharia foi
        
        
          um movimento que, realmente,
        
        
          procuravaeliminaroprofissionalque
        
        
          custavamuito e produzia pouco.
        
        
          JR
        
        
          – E há o aspecto legal. Pelas leis
        
        
          brasileiras, não se pode reduzir
        
        
          salário. Então qualquer um, aos 85
        
        
          anos, vai ganhar mais que o
        
        
          presidente. Se, na vida real, a natu-
        
        
          reza é cíclica,  por que não legalizar
        
        
          uma curva de salários? Se alguém,
        
        
          aos 60 anos, está ganhando uma
        
        
          fortuna, poderia passar a ganhar um
        
        
          poucomenos.
        
        
          GALASSO
        
        
          – Enão é só.O custode
        
        
          empregar éaltíssimo.Contrata-seum
        
        
          empregado por R$ 1 mil e o custo
        
        
          dele é R$ 2mil. E demitir também é
        
        
          muito caro. Mas, às vezes, é pre-
        
        
          ferível demitir, arcar comos custos e
        
        
          admitir alguém mais barato para
        
        
          aquela função. Isso acontece, é
        
        
          normal.
        
        
          AMALIA
        
        
          – Nessa questão de su-
        
        
          cessão, sai umapessoa, hoje, eaque
        
        
          está imediatamenteabaixo já seacha
        
        
          pronta.Tomacomocertoque, se saiu
        
        
          aquela pessoa sênior, ela tem o
        
        
          direito de ficar na posição. Mas não
        
        
          é assim. Como houve
        
        
          
            downsizing
          
        
        
          ,
        
        
          diminuíram os níveis entre as hierar-
        
        
          quias. Então, parece haver uma
        
        
          distância, não só de idade, mas de
        
        
          experiência, capacitação e vivência
        
        
          entreoprimeiroeosegundo. Issoestá
        
        
          gerando conflitos dentro das empre-
        
        
          sas, que beiram à guerra.
        
        
          MARCOS
        
        
          – A troca não é tão
        
        
          simples assim. Olhando sob o as-
        
        
          pecto financeiro, parece vantajosa.
        
        
          Mas não é. A experiência é neces-
        
        
          sária. São anos de experiência de
        
        
          alguém que está sendo trocado por