GuilhermeXavier deMiranda
GUILHERMEXAVIERDEMIRANDA
CháDelicia
Curitiba, PR
Fundador: GuilhermeXavier deMiranda
1912
E
lementos integrantes dos símbolos do estado do Paraná, a araucária e a erva-
mate eram encontradas lado a lado também na natureza. À sombra dos galhos do
pinheiro crescia a erveira; dividiam, assim, omesmo ambiente.
Extensas florestas de
Araucaria angustifolia
, estendendo-se pelos planaltos
paranaenses, constituíram a base de uma dasmais expressivas atividades econômicas
do estado. Para o transporte dessa produção, eram imprescindíveis as vias que já vinham
sendo implantadas: a estrada daGraciosa, que desde 1873 fazia ligação entreCuritiba
eAntonina; a construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, em 1885; e o ramal
Morretes-Antonina, em1891. Com estes percursos, garantiam-semeios de escoamento
para a exploração damadeira. E assimmultiplicaram-se empresas cujamatéria-prima
principal era amadeira.
GuilhermeXavier deMiranda, terceiro prefeito deCuritiba (1894), casado comAmália
CordeiroAgner, inaugura em 1912 aquela que se tornaria amaior emaismoderna serraria
da região, no distrito de Fernandes Pinheiro, o qual, entre 1917 e 1930, iria se tornar um
centro comercial e industrial de destaque.
Proprietário de 1.200 alqueires dematas virgens situadas entre osmunicípios de Irati
e Teixeira Soares, nomesmo ano em que construiu a Serraria Florestal Miranda, Xavier
deMiranda ergueu no local um imóvel – a casa da família – que ficaria conhecido como
Palácio do Pinho, retrato do “auge do
glamour
e riqueza no período do ciclo de ouro da
madeira” (Irati, s.d.).
A serraria, em que trabalhavam800 funcionários, dispunha de uma vila operária,
dotada de armazém e capela. Dentro da propriedade, uma estação ferroviária pertencente
à família representou uma contribuição efetiva para o crescimento de Irati, em âmbito
social e econômico, e também para o estado.
A atividade empresarial deGuilhermeXavier deMiranda, entretanto, antecede o ano
de 1912. Um
“Diploma de Honra na Philadelphia em 1899”
, como informa o anúncio,
evidencia que, já na década de 1890, sua empresa estava em atividade, porém voltada à
erva-mate. Novos reconhecimentos à qualidade de seu produto se sucederam:Medalha
de Prata no Paraná em 1990 e duasMedalhas deOuro: no Rio de Janeiro em 1908 (no
GrupoMatte
) e em Turim em 1911.
Fabricante e exportador damarca
Delicia
, “especial para chá”, com unidade fabril em
Curitiba, e também
Miranda
, além de
“outras especiaes para as Republicas do Prata”
(possivelmente asmarcas
El Sul
,
Alsina
e
Tandil
, esta última em homenagem a cidade
argentina), GuilhermeXavier deMiranda produzia adicionalmente as linhas de erva-mate
denominadas
M. Thereza
,
Guilherme
,
Alberico
(nome de seu filho) e
Xavier
.
O anúncio registra o foco de sua atividade:
“Exportação de HervaMatte eMadeiras”
,
dispondo, para estas últimas, de “Grande Serraria”, que também fabricava as caixas.
Assim, ervateiros comoGuilhermeXavier deMiranda associaram a sua atividade principal
aquela que caminhava lado a lado como plantio e exploração da erva-mate: a exportação
demadeiras.
Afinal, se a atividade central era a erva-mate, era oportuno lembrar, conforme a
Gazeta
do Povo
(s.d.), que a “mais saborosa e suave é aquela cultivada à sombra de árvores
nativas”.
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