 
          
            Revista da ESPM
          
        
        
          |maio/junhode 2012
        
        
          
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          liberdade de imprensa
        
        
          O que interessa se passa no
        
        
          cotidiano da vida das pessoas
        
        
          de carne e osso que vivem em
        
        
          países reais e não nas pólis utó-
        
        
          picas dos totalitários do Estado
        
        
          opressor, mas provedor, nem
        
        
          nos campos de liberalismo total
        
        
          dos individualistas devotos dos
        
        
          mercados sem regras. Como
        
        
          costumam dizer os economis-
        
        
          tas da escola de Chicago, para
        
        
          desespero dos totalitários, o
        
        
          experimento definitivo sobre
        
        
          a viabilidade do Estado cen-
        
        
          tralizador foi levado a cabo na
        
        
          extinta União Soviética durante
        
        
          75 anos no século passado, e
        
        
          o resultado foi um desastre
        
        
          de proporções astronômicas.
        
        
          Para desânimo dos libertários
        
        
          radicais basta a leitura do inglês
        
        
          Thomas Hobbes (1588-1679),
        
        
          para quem o homem em estado
        
        
          natural – ou seja, não submetido
        
        
          a leis, refratário aos contratos
        
        
          sociais, impermeável aos cons-
        
        
          trangimentos morais e éticos
        
        
          – está condenado a uma vida
        
        
          “solitária, miserável, sórdida,
        
        
          brutal e curta”.
        
        
          Longe dos extremos, nomun-
        
        
          do real, a vida é pactuada. A
        
        
          liberdade de ação de um é limi-
        
        
          tada pela liberdade de ação do
        
        
          outro; as ambições de um são
        
        
          limitadas pelas ambições do outro.  As disputas indivi-
        
        
          duais são arbitradas pelo Estado que, idealmente, cui-
        
        
          da de fazer valer as regras do jogo sem favorecimentos.
        
        
          No mundo real não existem garantias permanentes de
        
        
          que as regras serão aplicadas equanimemente pelos
        
        
          agentes do Estado. Isso se define na política, campo
        
        
          em que o sistema democrático ainda não encontrou
        
        
          rival. A democracia se alimenta da livre circulação de
        
        
          ideias, cuja manifestação mais conspícua é a liberdade
        
        
          de imprensa que, por sua vez, tem como base material
        
        
          a livre iniciativa. Portanto, o Estado que se pretende
        
        
          moderno não deve mexer com essa simbiose perfeita,
        
        
          essa indissolúvel interdependência entre democracia,
        
        
          liberdade de imprensa e livre iniciativa. Sem livre
        
        
          iniciativa não há concorrência, sem concorrência
        
        
          não há publicidade e sem publicidade não sobrevive
        
        
          a imprensa livre. Esse ciclo virtuoso vem provando
        
        
          há mais de um século seu imenso valor como a viga
        
        
          mestra de sustentação das sociedades abertas – um
        
        
          valor fundamental do homem que, infelizmente,
        
        
          Comaautorregulamentação,ainiciativaprivadase
        
        
          adiantaàfúriaregulatória,muitasvezesineptaecrivada
        
        
          deideologiasdoEstado, econsegueatendermuito
        
        
          melhoràsexigênciasdosconsumidores
        
        
          zirconicusso