Julho_2006 - page 73

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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
valorizadas lá foraeaqui dentronão,
oupode ser na reduçãodecustos do
produto, desde que seja preservada
a qualidade.Veja que esse tênis aqui
(mostra) éMizuno, um produto feito
por nós, nem é Make-Up, já é uma
geração diferente – desenvolvido,
desenhado e fabricado por nós, o
modelo você encontra pelo mundo
afora, mas a idéia e concepção foi
toda feitapor nós.
Amatucci
–EntãoaAlpargatasestá
exportandoodesenho?
Márcio
–Não, esse foi apenas um
caso,mas fezmuitosucesso.E tivemos
uma experiência semelhante com a
Timberland.
JR
–Márcio, você começou sua car-
reira trabalhando na Mesbla onde
passou vinte anos. Gostaria de que
você falasse um pouco dessa sua
transição do varejo para a indústria.
Essa experiência foi marcante para o
seu sucessonaAlpargatas?
Márcio
–Tenhocertezadeque foi.
Quando eu comecei omeu trabalho
na Mesbla, eu tinha treze anos e,
apesar de ter ficado lá dezoito para
dezenove anos, uma boa parte, dos
treze aos dezoito, dezenove anos,
eu desempenhava funções absoluta-
mente coerentes com aquela idade
– fui
office-boy
, carregava papel, ia
vivenciando aquele ambiente, em-
bora não fosse um ator importante.
Lá fui adquirindogostopelonegócio,
como um comissário de bordo, que
ficaadmirandoocomandantedovôo
e um dia, quando ele for ser piloto,
algumas coisas ele já sabe. Eu gos-
tava daquele negócio todo, era feliz
fazendo o meu trabalho. A Mesbla
tinha um programa – hoje o nome é
meiocafona–chamava-se “Meninos
deOuro”ea famíliaDeBotton–que
eramosdonosdonegócio.Acreditava
queaspessoasqueviessemaocupar
funções importantes na empresa, de-
veriam ter sido“criados”dentrodela.
Então financia-vam tudo. Completei
todo o meu ensino médio graças à
ajudadeles,nãopagavanemum lápis
– e trabalhava só três horas por dia
– para cursar a escola. Então, eu fiz
de tudo,naMesbla–atémotoristade
caminhão, paraentregarmercadoria,
fazia tudo. O meu primeiro cargo
importante foi degerentede loja, em
Goiânia,comapenas22anos.Depois,
trabalhei em São Paulo e cheguei a
gerente. Fui gerente da loja matriz
no Rio de Janeiro de novo, na Rua
doPasseio.Eraamaior loja, tinha900
funcionários. Eu fazia reuniões aos
sábados, o pessoal ficava impressio-
nado,diziamqueeunão iaconseguir.
A loja abria às oito, eumarcava com
aspessoasseisemeiadamanhãmais
oumenos,cafédamanhã,eàsseteeu
subianumamesanoestacionamentoe
conseguiaque todosficassemcalados,
ouvindooqueeu tinhaparadizer.Aí
quis conhecer outras áreas. O varejo
divide-seem trêsáreas:FrentedeLoja,
osvendedores;PessoaldeOperações,
que inaugura lojas,negociacomshop-
pings, trabalhanaexpansãodas lojas,
eopessoalquecompra.São três tipos
degente, trêsTribos; qualquer grande
varejo tem três tribos. Então fui paraa
tribo de operações, fui cuidar da ex-
pansãodaempresa, negociar pontos,
abrir lojas, analisar mercados etc.,
fazer as normas da companhia, fazer
distribuição de produtos, e depois
falei “agora quero conhecer a outra
tribo, que é a tribo de compras”. Foi
onde fiquei até sair da Mesbla, saí
como superintendente de compras.
Nesse período, tive também, junto
comaminhamulher,uma indústriade
calçados.Chamava-seAndarPerfeito,
calçados infantis–emBeloHorizonte.
Depois da Mesbla, fui trabalhar na
Gradiente, como Eugenio Staub, so-
mos osmelhores amigos, ainda. Eaí,
acabei vindoparaaAlpargatas, onde
estou até hoje, muito feliz da vida.
Entãominhacarreira foi essa.
JR
– Uma carreira com um certo
romantismo; ummenino pobre que
temoportunidadesdadasporumaem-
presa.UmaspectopositivodaMesbla
eda famíliaDeBotton.
Márcio
– Sempre foram pessoas
muitonobres.
JR
–NanossaEscola, osnossos alunos
nãosãoemgeralmeninospobres,embo-
rahajabolsasdeauxílioparaalunosque
tenham dificuldades econômicas, mas
que sejam competentes. Mas gostaría-
mosdesaberoquevocêdiriaaosnossos
alunos–queestãocomvinteanos,em
médiae seusprofessores também são
jovens – para dar certonessemundo
global,nosnegócios internacionais,o
quevocêdiriaparaeles?
Márcio
–Primeiro,quevocêtemque
ter trêsórgãosnocorpoabsolutamente
emestadodeprontidãoe funcionando
–os outros podem aténão funcionar
– mas cabeça, coração e estômago
têm que funcionar, não tem jeito. Se
“AmarcaTopperéum
sucessoenormeno Japão.”
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