Julho_2006 - page 65

Mudanças no papel das
subsidiárias brasileiras
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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
mentosdiretosbenéficosparaacadeia
produtiva local. Neste sentido, uma
importantecontribuiçãodessapesquisa
foi mostrar que as possibilidades para
quehajaum incrementodasatividades
de engenharia automotiva localmente
ocorrequandoasmontadoras são sede
deprojeto.Sersededeprojeto,segundo
os autores, significa que amontadora
subsidiáriaseráagestoradoprojetoem
questão, isto é, ela será aunidadeque
cuidarádagestãodoprojeto, responsa­
bilizando-sepelo seudesenvolvimento
e por todas as decisões relativas a ele,
tais como escolha ehomologaçãodos
fornecedores emodificações de peças
ecomponentes.Entreoutrasvantagens,
ser sede de projeto atrai atividades de
co-design, amplia as chances de que
os fornecedores venhamadesenvolver
projetoslocalmenteeaindaabremaiores
oportunidades de envolvimento entre
montadoras e fornecedoresdebensde
capitalnacional.
Porrigor,emboraoconceitopredomi­
nante na indústria automobilística
hoje aponte para a consolidação de
uma política de plataformas globais,
há sempre a necessidade de que tais
plataformassejamadaptadassegundo
asdemandasdosmercadosaosquais
elas se destinam. Tais adaptações
podem envolver desdemodificações
pontuais, que não demandem um
trabalhoelaboradodeengenharia,até
aconstruçãodederivativose,àsvezes,
de veículos específicos paradetermi­
nadosmercados. Portanto, trata-sede
umconceitodistintodaqueledecarro
mundial, utilizado com freqüência
pelas montadoras durante a década
de80, emqueopressupostoeraque
umúnicoprodutopoderiasatisfazeràs
demandasdeconsumodeautomóveis
em vários mercados, sem a neces­
sidade de tantas alterações. Essa es­
tratégia mostrou poucos resultados
positivos e deu lugar à estratégia de
plataformas globais, que incorpora
alteraçõesnoveículodependendodo
mercadodedestino.
Nestaperspectiva,concentrarprojetos
de desenvolvimento de produtos no
Brasil permitiráà subsidiáriacentrali­
zarummaiorpercentualdeatividades
commais conteúdo agregado inter­
namente, os quais podem envolver
variadosgrausdecomplexidade.Além
disso, háumefeitodeencadeamento
que deve afetar as atividades realiza­
das por seus parceiros, ou seja, pelos
fornecedores que atuam diretamente
e conjuntamente nesses projetos de
desenvolvimentos emco-
design.
Trata-sedeumdebatebastante ricoe
aindaemconstrução.Hajavistapara
uma das questões pouco exploradas
nestes estudos, aindaque largamente
sinalizada pelos vários autores, é
acerca das estratégias globais das
montadoras. A rigor, falta aprofundar
o entendimento sobre as estratégias
das grandes empresas do setor auto­
motivo globalmente e a forma como
a América Latina, particularmente o
Brasil, se inserenela.
F
Osmotivos identificadospelos autores estão relacionados
ao fatodeestas atividadesdemandarem recursoshuma-
nosdealtaqualificação, alto valor adicionadonas ope-
rações industriais ede serviços, elevadas oportunidades
deadensamentodas atividades inovadoras comenca-
deamentosdiretosbenéficosparaacadeiaprodutiva local.
Nestaperspectiva,
concentrar projetos
dedesenvolvi-
mentodeprodutos
noBrasil permitirá
àsubsidiáriacen-
tralizar ummaior
percentual deativi-
dadescommais
conteúdoagrega-
do, internamente.
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