Julho_2002 - page 22

Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
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cos, uma vez queopróprioWeber acredi-
tavaqueaciênciaestáàdisposiçãoparaes-
tudarofenômenosocialtalcomoeleseapre-
senta, e, adicionalmente, a realidade jamais
poderáseráatingida.Comofenômenosoci-
al entendam-se os meios utilizados pelas
pessoas,paraatingiremseusobjetivos.
A ação sempre será provocada pelo
agente ou pelos agentes sempre para
atingirdeterminado fim.Para tanto, cada
indivíduo procura pelosmeiosmais di-
versosparaatingir seu fim.Asações so-
ciais poderão ser divididas em:
a)Racionais referidasaosfins;
b)LigadasaValores crenças,consciências,
éticaereligiosa;
c)Afetivas emocional;
d)Tradicionais costumesarraigados.
Weber chamou seu método de
“construção de tipos ideais”. Partindo
da ação social, categoria construída
comounidadeanalíticabásica, constrói
unidades lógicas mais abrangentes,
sempreapontando tipologias similares,
implícita ou explicitamente, em cada
unidade. Mostra que a ação social é
mutuamente referida por significados
comuns e compõe o conceito de rela-
ção social, tratando a seguir do concei-
to de associação.
Nesse sentido, parece estar implíci-
toqueoconceitopropagadodaatual res-
ponsabilidade social é um tipo ideal
construído por grupos interessados em
determinados fins.Comoaçãosocial,no
conceito
stricto senso
deWeber, estees-
tadodecoisapoderiaencaixar-senoâm-
bitomeramente racional,muito embora
a aparência possa levar, semuma análi-
se mais crítica, a uma interpretação
sofismática de cunho afetivo.
A traduçãomais evidente desse pen-
samentopodeserencontradaemASHLEY
(2002:3):
“Pararesponderaessecrescen-
tedesafio, governos, empresase socieda-
deorganizam-separa trazernovasrespos-
tas visando um desenvolvimento susten-
tável que englobe tanto os aspectos eco-
nômicos comoos sociais eambientais.”
Sociedade, tal comosepode lernaafir-
maçãoacima, évistacomoumagenteden-
trodelamesma.Háumavisãodistorcidacom
amais importantedaspalavrasdocontexto
e suasderivações: social, sociedade.Socie-
dadeé“ooutro”, “ode fora”e, porquenão
“odiferente”ouatémesmo“oerrado”.
Talvez, a visão de DURKHEIM
(1999:3)dofatosocialpossaexplicaroque
seestá tentandoelaborarcomoo“
atuales-
tágiodaresponsabilidadesocial
”vistope-
lasorganizações empresariais: “
... consis-
tem emmaneiras deagir, depensar ede
sentirexterioresao indivíduo,dotadasde
umpoderdecoerçãoemvirtudedoqual
se lhe impõem.Porconseguinte, nãopo-
deriam se confundir com fenômenos or-
gânicos, pois consistem em representa-
ções eemações; nemcomos fenômenos
psíquicos, que não existem senão na
consciência individual epormeiodela
”.
Quem sabe, a chamada ação social
de hoje não seja, nada mais, nada me-
nos, queo fato social deontem.Háuma
regressãoverdadeira, sem contar como
imensoerroconceitual contidonas idéi-
as e práticas adotadas.
Dentrodeumavisãocomparativaen-
treDurkheimeWeber, podem-se inferir
algunsaspectos,muitasvezesantagôni-
cos, que podem ser vistos no quadro 1
abaixo:
Quadro1–ComparaçãoentreMaxWebereÉmileDurkheim
Weber
AnalistadoConflito
Lutapelo controledas condiçõesde existência
nãodesaparece com adivisãodo trabalho.
“Objetividade”
Objetodo conhecimento social: não édado,mas
constituídonaprópria análise atravésdosproce-
dimentosmetodológicosdopesquisador.
RealidadeSocial
Nãoháumaordem internana realidade social e
leisgeraisque se impõem aqualquer pesquisa-
dor.
ObjetodaSociologia
AçãoSocial
Durkheim
AnalistadaOrdem
Divisãodo trabalho suaviza lutapela vida
Objetividade
Respeito sempressupostos às características
dadasdeumobjeto.
RealidadeSocial
Pressupostodeumaordenação racional da
realidade empírica.
ObjetodaSociologia
FatoSocial
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