VidrariaParanaense
deSolheid &Cia.
SOLHEID&CIA.
VidrariaParanaense
Curitiba, PR
Fundador: FranciscoSolheid
Data: ?
A
o lado do forno, documentado no fundo no anúncio, sobo imenso calor
irradiado, ooperário está atento ao instante em que amistura para preparação
do vidro se torna quase fundente, dentro de um recipiente de barro refratário.
Nessemomento, outrooperário imerge a cana – um tubo de ferro com cerca de 1,5m
de comprimento –, para em seguida retirá-la do recipiente, tendo a ponta recoberta de
matéria vítrea incandescente, em quantidade compatível comoobjeto a ser produzido.
Enquanto gira e agita esse tubo, soprando através dele, forma-se em sua extremidade um
balão cilíndrico.
Em seguida, ooperário executa com a cana algunsmovimentos giratórios, a fim de
irmoldandoo artigo no formato desejado, enquanto simultaneamente vai soprando e
dando volume aoobjeto que faria parte da garrafaria, cristalaria ou coparia vulgar. A
sopragem era um procedimento comum a todos os tipos de vidro.
No processo demoldagem, aindamanejando a cana, utiliza-se umamesa sobre a
qual o vidroobtém seu contorno definitivo. Após essa etapa, em local próprio, ocorre o
resfriamento, tornandomais rígidoo artigo já finalizado.
Vários operários – adultos, jovens e crianças – exibemorgulhosamente, ainda
sustentadas na ponta da cana, as peças assim fabricadas. Umoperário transporta, em
uma bandeja sobre a cabeça, os artigos produzidos; vê-se também uma criança vindo do
pavimento inferior da fábrica, trazendo um engradado com peças de vidro.
Dispostas no chão, em primeiro plano, e nas laterais do anúncio, as amostras dos
vários tipos de artigos produzidos pela fábrica dão uma razoável ideia do que se poderia
encontrar. No anúncio, em uma composição com características documentais do ambiente
interior de uma vidraria, estão registradas as várias etapas da produção domaterial. Seria
esse ummodelo comumde produção artesanal e semiartesanal das fábricas de vidro locais
nesse período?
Desde a autorização em1810, por D. JoãoVI, para a instalação da
Real Fabrica de
Vidros da Bahia
, até a fundação em 1896, por Antônio da Silva Prado e Elias Fausto
Pacheco Jordão, daquela que viria a ser, em 1903, aCompanhia Vidraria SantaMarina,
para a produção de garrafas e vidros planos, poucas haviam sido as iniciativas destinadas à
implantação de indústrias de vidro no Brasil.
Diferentes processos de produção dessematerial, do artesanal ao semiautomático,
conviviam no país na década de 1910. Entre os estabelecimentos fabris do período, a
Vidraria Paranaense, de propriedade de Solheid&Cia., era uma das que alimentavamo
setor.
Sua produção em1919 compreendia copos, cálices, frascos para farmácia, garrafas
de litro e de águas gasosas, fruteiras, vasos para flores, pesos de papel, bolas para
ornamentos de jardins, globos etc., com cerca de 350 artigos diferentes. E era o único
fabricante no Brasil de ladrilhos de vidro e telhas dessematerial. Sua produção atendia
tantoo interior do Paraná quantooutros estados brasileiros.
Em 1933, uma
Sociedade Anonyma Vidraria Paranaense
consta como sucessora da
Solheid&Cia. (
Diario Official da União
, 4.4.1933). Caso nessa data fosse feito novo
anúncio com as características documentais, porém atualizadas, daquele veiculado no
Almanak Laemmert
de 1919, como seria registrado em imagens o interior da Vidraria
Paranaense?
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