Julho_2003 - page 88

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J U L H O
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A G O S T O
D E
2 0 0 3 – R E V I S T A D A E S P M
ta para que a academia esteja pre-
sentedentrodasempresas.Apartici-
pação dos professores em pesquisa
é fundamentalparaqueoscursos te-
nham as empresas como objeto de
estudoenãocomoalgo irreal.
GRACIOSO
Talvez, hajanas pró-
prias escolas material de pesquisa
que está esperando para ser utiliza-
do. Por exemplo, sabemos que, no
anopassado,69%dos formandosdo
nosso curso deAdministração con-
seguiram o primeiro emprego em
empresasmultinacionais.Aquientre
nós– issoéumaaberração,numpaís
onde as pequenas emédias empre-
sas–vocêsacabamdedizer–ofere-
cemmais empregosdoqueas gran-
des.Aáreadeserviçosestá totalmen-
te esquecida pela maioria dos nos-
sosalunos,queprocuramoquê?Não
sei bem, talvez a segurança, a ima-
gem fabulosa que tem a multina-
cional.Talvez devêssemos – daqui a
cinco anos – tentar descobrir o que
aconteceu com esses alunos que fo-
ramparaasmultinacionais, eosque
foramparapequenasempresas.Nun-
canospreocupamosmuitocom isso
– a empregabilidade. Porque, até
agora, nas boas escolas, como a
nossa, pelomenos, não era tão di-
fícil paraos alunos conseguir bons
empregos. E está ficando cada vez
mais difícil. Mas, fale um pouco
maisdapós-graduação,Fátima.Oque
acontece com os executivos de 30
anos que querem – não o primeiro
emprego–masmelhorarnacarreira?
FÁTIMA
Napós-graduação, tenho
profissionais que estão em grandes
empresasmultinacionais e estão fe-
lizes e outros infelizes. E há profis-
sionaisemempresasnacionaismui-
to felizes. Encontropessoas felizes e
infelizes dos dois lados, e encontro
tambémmuitaspessoasdesemprega-
das, nos cursos de pós-graduação,
tentandoconseguirmais competên-
cias para se empregar. Porque hoje,
ter um curso deMBA já é comum;
nãoémaisumdiferencial.Maisuma
vez, oquediferencianãoéa forma-
çãodapessoa,masocomportamen-
toque ela tem.Muitos profissionais
começamapensarem tero seupró-
prio negócio, porque começam a
perceber que nas empresas são
descartáveis–porquenãodesenvol-
veram as competências que deve-
riam ter desenvolvido. Então, fazer
umMBA,umpós-graduação,sem ter
um planejamento claro da própria
carreira,nãoadianta.Émaisum títu-
lo, mais letrinhas no currículo mas
quenão têm significado.Aquestão,
hoje, quedevemos discutir, ediscu-
tiremosmuitomais,é:“Porquevocê
está fazendo isso? Qual a compe-
tência que você quer acrescentar?”
Enãosóem termosdeconhecimen-
to,masdesabedoria,ondevocêune
conhecimento e compreensão –
para fazer diferença.
NELSON
Umaalternativaquenós,
de forada academia, percebemos é
estabelecer gols realmente men-
suráveis.Sesouprofessoredouaulas
nopós-graduação, tenhoqueatingir
alguns objetivos enão sóatender às
horasqueme foramconcedidas,para
falar as coisas que tenhoquepassar
e concluir o curso. Tem que existir
umamedidadevalor agregado, não
só para o estudante como para a
empresa que está por trás do
estudante. Se trabalho na Escola e
recebo alunos que querem partici-
par do pós-graduação, antes de
inscrevê-los,devoentraremcontato
com a empresa e verificar qual é o
processo de gestão de talentos e os
planos que a empresa tem para
gerenciar aquela pessoa. Às vezes,
cria-se ilusão, fantasia.Aempresa,de
fato,nãosabeoque fazercomaque-
le indivíduo. Como não houve con-
versa,apessoaficafrustradae,depois,
vaicriticaraacademiaevaivoltarpara
a empresa sem produzir aquilo que
era esperado. O que está faltando é
mais entendimento, porque compe-
tências, nós temos.
MARIACA
Concordo, mas, quan-
do falei sobreanecessidadedeensi-
narmososnossosjovensaseremmais
autônomosegerenciaraprópriacar-
reira, é porque acho que empre-
gabilidade precisa significar renda e
felicidade. Empregabilidade não é
apenas ser empregados de alguma
empresa; é ter renda para cobrir as
despesas, até o último dia de uma
vida, que está cada diamais longa.
Há 100 mil norte-americanos com
mais de 100 anos de idade, e o nú-
mero está crescendo a 9% ao ano e
todosos fundosdepensão–privados
ou públicos – estão quebrando por
causa disso. Então, empregabilidade
quer dizer renda para cobrir nossas
despesas, a felicidade merecida e
tranqüilidade, que pode vir da apo-
sentadoria e/ou de um salário, e/ou
deumasegundacarreira,e/oudeum
negóciopróprioqueprecisa ser pro-
tegido. Podemos herdar, podemos
casarcomalguém rico,mas temque
ser protegido – omundo está cheio
de ricos ex-casados. Podemos pedir
apoioanossos filhos, podemos fazer
bicos e trabalhar como assessores,
consultores,
free-lancers
. A mistura
dissoenvolveparamuitos–especial-
menteos formandosdeumaexcelen-
teescolacomoesta–uma longa fase
com salário, salário e benefícios até
emboas empresas. Porém, acho im-
portanteensinarque rendae felicida-
denão são somenteoriundas do sa-
lário, mesmo porque estámudando
o
mix
. Se olharmos umdadodode-
partamentoeleitoraldosEstadosUni-
dos, comoexemplo: éassustadorver
que,em1900,50%dosnorte-ameri-
canos “empregáveis” eram autôno-
yw
EMPREGO& EMPREGABILIDADE
1...,78,79,80,81,82,83,84,85,86,87 89,90,91,92,93,94,95,96,97,98,...123
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