Setembro_2006 - page 90

PauloRoberto
Ferreira da Cunha
105
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2006 – R E V I S T A D A E S P M
Porexemplo, sabemosquemudoua
dinâmicadas famíliasede sua inter-
relação–seusmembrospodemestar
emmomentos diferentes em casa,
podem estar em casa e jantarem
separados, ou ainda jantarem na
frente da TV dividindo a mesa
de centro com copos e pratos de
salada. Sabemos igualmente que o
usodemídiasmudadeacordocom
as faixas etárias – jovens transitam
simultaneamentepelaTV,pelocom-
putadorepelocelular,oquenos faz
questionar sobre a capacidade dos
comerciais de chamarem e reterem
sua atenção. A expectativa dos
consumidores também tem novos
contornos – o mesmo indivíduo
que admite odiar um e-mail mar-
keting adora receber um viral pelo
celular, sem saber que a diferença
entre ambos está na abordagem e
na identificação explícita ou não de
quemencaminhouamensagem.
E por falar no consumidor, cabe res-
saltar que ele também vive dilemas
peculiares ao momento atual. São
questões que não se restringem a
faixas etárias ou sociais específicas:
como a conquista de sonhos e de
espaço, reconhecimento, destaque
numa multidão cada vez maior. A
própria busca de identidade nos traz
o fenômenoda tribalização,nãomais
circunscrito aos muros da comuni-
cação,mas jáestudado internacional-
mente por cientistas sociais, como a
argentina Beatriz Sarlo. Seu impacto
nomercadopodeserverificadoatravés
do crescente mercado de
tuning
, da
categoriadecarros
urban adventure
focada em quarentões sedentários,
dousodeViagraporpotentes jovens
de vinte e poucos anos e de revis-
tas como
Caras
– que espelham a
diferenciação do outro.
Jovens transitam simul-
taneamente pela TV,
pelo computador e pelo
celular, o que nos faz
questionar sobre a ca-
pacidade dos comerciais
chamarem e reterem sua
atenção.
F
Ocenárioestáclaro,énovoe inquie-
tante, mas nem melhor, nem pior
do que antes. Novos desafios que
parecem sofisticados em relação
a outros tempos, os quais também
tiveram sua dose de ineditismo
e de mudanças. Se hoje temos a
interatividade máxima, um dia a
transgressão foi migrar do rádio
paraaTV, apostandoqueoprimeiro
tinha seusdiascontados.Nadadife-
rente do que vislumbramos agora
na comunicação que, cercada de
questões pontuais e agilizada pela
velocidade da informação, vê-se
estressadapor profetasqueclamam
por respostasurgentesquepoderiam
salvar a categoria de um irremediá-
vel cataclismo.
Marcas em excesso, dificuldade
na diferenciação da comunicação
de produtos de uma mesma cate-
goria, fartura de instrumentos de
comunicação, consumidores cada
vezmais críticos e tribalizados, so-
mados a uma pitada de modismos
periódicos,pincelamum retratodos
desafios que vivenciamos no nosso
ofício. Desafios novos comumquê
de atitude antiga. Foco, conceito e
sinergia não são fórmulas
recém-desenvolvidas.
Vamos aos fa-
tos: falar de
integração
de ferra-
mentas e
de meios
de comunicação
não é um tema recém-nascido. Há,
realmente, um semnúmero de al-
ternativas à nossa disposição. E há,
também, um novo hábito de con-
sumo dessas fontes de informação.
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