Setembro_2002 - page 79

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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
RC –Aliás, entretenimento émuito
maior do que a busca de informa-
ção.Aspessoaspassammais tem-
po querendo ser entretidas do que
informadas. Tem sentido, porque
trabalham o dia inteiro, têm uma
vidanãomuitodivertida, problemas
com trânsito, problemas no traba-
lho, problemas com a família, com
a violência etc. Chega a hora em
que querem diversão, distração,
querem
entertainment
.Temabsolu-
to e total sentido. Estou preocupa-
do com isso. Acho que o que se
deve é conseguir fazer com que a
informação – o que é importante
paraoscidadãosdeumpaísdesen-
volvido saberem – deve ser apre-
sentado de uma maneira que seja
atraente, interessante. Tornar o im-
portante interessanteéanossamis-
são, amissãodequemcuidade in-
formação.Agenteprecisa fazercom
queaspessoasse interessempelo
que é importante também. Não o
tempo todoouamaior partedoseu
tempo. Mas você precisa de cida-
dãos informados, para que votem
corretamente, para que escolham
corretamente, paraque influenciem
os caminhos do país. E aí entrete-
nimento sozinho não vai resolver.
FG – Fazer o importante interes-
sante. Gostei dadefinição.
RC–Nós precisamos fazer isso. E
oqueestáacontecendonomundo?
A competição pelo tempo do públi-
co é cada vezmaior – e o tempo é
inelástico. Se ele tiver cada vez
mais opções para se entreter – na
Internet, na televisãocomcadavez
mais canais, cada vez mais títulos
de revistas, cada vez mais livros,
cada vezmaisoferta,maisalterna-
tivas. Então, sobrevive quem fizer
issomelhor, porque hámais esco-
lhasdoque tempo.Oquevocê tem
que fazer direito é tornar o impor-
tante interessante, ou ninguém vai
ligar para o importante.
JR –Sempre se pode tornar o im-
portante interessante,masnãose
pode tornar o interessante impor-
tante.
RC –Não necessariamente.
JR–E,noentanto,háalgunsveícu-
los muito preocupados com isso.
Roberto,nessasentrevistas,costu-
mamosencerrarcomalgumascon-
sideraçõesdoentrevistadoparaos
alunos eprofessoresdaESPM. Há
duas áreas em que nossa curiosi-
dadeémaior:oquevocêdiriaaeles
sobreescolhercarreirasempropa-
gandaemarketingeoquediriaso-
breaescolhadecarreirasnacomu-
nicação,mais
lato-sensu
?
RC–Primeiro,marketing, paramim,
é a coisa mais divertida que você
pode fazer na vida, fora ser editor.
FG – Engraçado. ORoberto é um
editor eéummarqueteiro frustra-
do. Eu soumarqueteiro e sou um
editor frustrado.
JR –Devo lembrar que oRoberto
já ganhou o título de homem de
marketingdo ano.
RC – Acho que todo editor e todo
comunicador, naverdade, precisam
ser marqueteiros. Quando pergun-
taram ao Ronald Reagan, anos
atrás: “O que oSr. acha de um ator
ser presidente?” Ele respondeu:
“Não vejo comoumpresidentepos-
sa não ser um ator.” E eu não vejo
como um editor possa não ser um
marqueteiro, porque precisamos
vender o nosso peixe. Não é só fa-
zer coisas bem feitas, inteligentes,
criativas. É também comerciá-las.
Senão vamos falar para nós mes-
mos. Marketing é fascinante, diver-
tido,engraçado, curioso.Coloca-nos
em contato com “por que as pesso-
as fazem as coisas, o que asmoti-
va, comovocêconvence,persuade”.
Nada mais divertido do que isso.
Fabricar é chato; cuidar das finan-
ças, pior. Então, omelhor que você
pode fazer na carreira é cuidar da
áreademarketing.Soua favor.Que-
ro que vocês continuem tendomui-
tomais candidatos doque vagas. E
acho tambémque, quantoa isso, os
jovensestãono lugar certo.Quanto
à mídia, ela tem uma carga adicio-
nal – é amesma coisa só que com
umadimensãoadicional queéuma
preocupaçãocom idéias, conceitoe
valores. Ousaria dizer, maior ainda.
Eexigeumcompromissocomaver-
dade, que eu acho que é bom tam-
bém na propaganda – aliás, essen-
cial. Um compromisso coma socie-
dade, um senso de responsabilida-
de, deengajamentonos seusdesti-
nosqueé fundamental.Nãovejoes-
sasduascoisascomomuitodiferen-
tes, mas há um ingrediente a mais
nacomunicação,queéesseconteú-
do que muda o tempo todo. Acho
que marqueteiro tem que ser um
bom comunicador e comunicador
deveria ser um bom marqueteiro.
Não há uma barreira inseparável
entre as coisas.
“Achoquea
propagandaé filha
ndaé filha
daseduçãocomo
conhecimento.”
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