Setembro_2002 - page 71

96
Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
mercado. O sistema judiciário é de-
morado, emperrado, complicado.
Enfim, essas coisas fundamentais
sãomais importantesparadiminizar
umaeconomiadoquesevai ganhar
oSr. João ou oSr. Pedro.
FG – Dar menos ênfase ao lado
social.
JR – Você fala de 115milhões de
eleitores. Na verdade, quem ele-
ge opresidente é a pessoa física
e não a jurídica. E o seu raciocí-
nio édepessoa jurídica.
RC – É verdade e bem lembrado.
Talvez devêssemos ter uma outra
eleição com pessoas jurídicas…
FG – Vamos levar o foco para
mídia, propaganda e marketing.
Comessanova lei decapitaises-
trangeiros namídia –mas princi-
palmentecomasuavisãodoque
deverá ocorrer nos próximos
anos, nãosónoGrupoAbril,mas
para a mídia brasileira de um
modo geral – qual é o panorama
que você imagina?
RC–Aprimeiracoisaqueacho fun-
damental dizer, nessa entrevista
para a Revista da ESPM – e que é
importante lembrar –équealémda
propaganda ser o lubrificante e o
propulsordeumaeconomiademer-
cado, alémde ser oquemantémas
engrenagens funcionando, não se
pode imaginar concorrência, nãose
pode imaginar, portanto, liberdade
deescolha sempropaganda.Apro-
paganda é absolutamente funda-
mental paragerar emprego,manter
adinâmicadenovosprodutos.Man-
ter todaessamáquinaandandode-
pende da propaganda e do
marketing. Mas há uma segunda
função–queachoqueopessoal de
propaganda emarketing esquece –
equenós,desse ladodacerca, lem-
bramos, équenãoexistemídia, não
existeapluridadedevozes, tão fun-
mentodissonoBrasil?Maisumavez
depende do desenvolvimento da
economia. Quanto mais tivermos
umaeconomiadesenvolvidaem to-
dasas frentes–eachoqueestamos
caminhando nessa direção – tanto
mais teremos necessidade de de-
senvolver nossa propaganda e
marketing que, por sua vez, favore-
cemeestimulamos veículosde co-
municaçãoacompetirentresi.Oque
mepreocupa, em relaçãoaos veícu-
los, é que, freqüentemente, nessa
busca concorridaparamaior audiên-
cia, seperdeanoçãoda responsabi-
lidadecomoconteúdo,comamissão
educadorae informativa. Issomepre-
ocupa, mas não sei qual a solução.
Não tenhoumapropostaparaconser-
tar. Se tivesse, publicaria. Talvez a
educação, dooutro lado, sejaaúni-
caesperança. Porque, enquanto se
buscaamaximizaçãodeaudiência,
entra-se numa espiral descendente
de qualidade, já que émais fácil ter
audiência para gente despindo do
que para gente discutindo a teoria
daevolução; buscam-secoisasque
dão resultadosmais imediatos.
JR–Háquemdigaque issoéum
efeitodaprópriademocracia.Por-
queademocracia trazmaisgente
para dentro do mercado e essa
que chega não é rica e instruída;
émaispobre.
RC–Nãoéprecisoser ricoparaser
esclarecido,bem formadoebemedu-
cado. É preciso, sim, que haja um
sistemadeeducaçãoqueestimuleas
pessoas a pensar, a evoluir no seu
pensamentoe saber adiferençaen-
tre o lixo e o bom. Agora, se prefe-
remo lixo–estandonumademocra-
cia–oqueéque vai se fazer?
JR – É o “efeito Ratinho”. Mas é
inevitável. Você terá um contin-
gentecadavezmaior depessoas
quequerem–nemdiria lixo–coi-
sasmais simples...
“Ogoverno
Fernando
HenriqueCardoso
tem feitoum
trabalho
extraordinário.”
damental para a existência da de-
mocracia, semapublicidade. Jádis-
se issopublicamenteemváriasoca-
siões. Sempre digo aos
marqueteiros e aos publicitários:
vocês, semperceber, sãoosalicer-
ces da democracia. Pensem bem
nisso.Porquesempropagandanão
há imprensa livre, não há
multiplicidadedevozesnasocieda-
de, não hámídia demassa. Have-
riamídiadogoverno, e só.Ademo-
craciadependede imprensa livre; a
imprensa livre depende da propa-
ganda e a propaganda depende do
sistemademercado. Então, nãohá
comoseparar essascoisas.Masas
pessoas queestãono ramoesque-
cem isso todos os dias. Isso não
estava na sua pergunta, mas me
permiti incluir na resposta. Agora,
como é que eu vejo o desenvolvi-
“Omercadoo
brasileirocomo
bra
umtodoestácada
vezmais
competitivo,mais
eficiente.””
1...,61,62,63,64,65,66,67,68,69,70 72,73,74,75,76,77,78,79,80,81,...120
Powered by FlippingBook