Setembro_2002 - page 77

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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
“Umcompromisso
comasociedade,
comasociedade,
umsensode
responsabilidade,
deengajamento
nosseusdestinos,
é fundamental.”
amen
“Temosmenosde4
segundos,na
banca,paracaptar
aatençãodo
comprador.”
depropriedadenão tem feitonenhu-
madiferença.Certamente, nãopara
pior.Apublicidadebrasileiracontinua
tendocadavezmelhor nível, écada
vezmaiscriativa, cadavezmais ino-
vadora – uma dasmelhores do pla-
neta. E certamente não é pelo fato
deoacionistaestaremNova Iorque,
Paris etc. Aminha tese, com refe-
rência a capital, é que onde houver
capital, e quantomais você pulveri-
zar e massificar a distribuição da
propriedadedascoisas,melhor.Não
acho tão importante... Aliás, no se-
tor da mídia, houve essa emenda
constitucional recente, que permite
que até 30% do capital das empre-
sasdemídiapossa ser estrangeiro.
Primeiro, uma coisa curiosa: não
aconteceunada, por enquanto.Nin-
guém chegou e comprou coisa al-
guma. As pessoas com as quais eu
tenho faladoa respeito, lá fora, per-
guntam: “Quantopodecomprarago-
ra?” Você diz: “30%”. Eles dizem:
“Mas, o que vou fazer com 30%?”
Essas são as respostas que eu re-
cebi até aqui.
JR – Eles gostariam de ter mais
oude termenos?
RC – Gostariam de ter o controle.
Não podem nem consolidar no ba-
lanço, se não tiverem 50% vírgula
alguma coisa. Então, não querem.
JR–Masoquevocêestá falando
dos veículos não é o que ocorre
na agência de propaganda. Para
ela, nãohá lei. Então, aquela ins-
tituição – que não deixa de ser
uma empresa de comunicação –
de repente, tem o seu centro de
decisão emoutropaís.
RC –Mas, isso é nomundo inteiro.
Noplaneta inteiro, agênciadepubli-
cidadeémultinacional.Nãovejopro-
blema algum.
JR–Enaindústriadacomunicação?
simplistaessadedizer “temque ter
nascido”. Vocêpode ter nascidoem
qualquer lugar e ser umperfeito idi-
ota. Enão ter nascidono lugar “cer-
to” e ser um filósofo esclarecido.
Essa questão émais uma tentativa
deproteção. Vocêdiz queo contro-
le tem que ser dos veículos, dos
habitantes, cidadãosdopaís.Todos
os países domundo – ou quase to-
dos – têm isso hoje. Faz parte da
nossa evolução. É uma preocupa-
ção ainda, provavelmente, válida.
FG–Háestudosquemostramque
75%dapropaganda feitanomun-
dosãocontrolados,hoje,porcin-
co grandes grupos de agências.
Naverdade,nemsãogrupos–são
conglomerados.
JR–Pensandobem,quemcontrola
sãoosclientesdessasagências.
FG–Oqueeudiriaéque issonão
tem a menor importância, con-
quantonãohaja idênticaconcen-
traçãonamídia.Sehouvesseuma
concentração idênticaepudésse-
mos dizer que 75% das notícias
publicadasnomundosãocontro-
ladasporcincogruposdemídia...
JR –Seráquenão são?
RC –Olha, do ponto de vista prag-
mático... deixe-me contar uma his-
tória. Eu falei com o presidente de
uma grande cadeia de jornais nos
Estados Unidos. Perguntei a ele: o
que você faz no caso, por exemplo,
de uma campanha presidencial?
Vocês tomam posição, na sua ca-
deia de jornais? E ele disse: “Não.
Isso é decisão do diretor de cada
redação.”Aí, eu disse: “Então, qual
é a graça de ter uma cadeia de jor-
nais se você não pode nem escre-
ver umeditorial?”Ele respondeu: “A
minha funçãoaqui égarantir um re-
tornoadequadoparaosacionistas.”
Eudisse: “Então, tanto faz fazer sa-
RC–Namídia, achoquedepende...
Vamos dizer o seguinte: o controle
editorial, o controle de conteúdo é
uma questão extremamente sensí-
vel para qualquer país – sensível e
delicada. Pessoalmente, acho que,
na medida em que a tecnologia
avança, essascoisasvão ficar cada
vezmenos importantes. Dequemé
a Internet, hoje? Quem controla o
seuconteúdo?Ninguém.Quemcon-
trola o que passa em televisão por
satélite?Ninguém.Quemcontrolao
que há para ver, na televisão, ou
para ler no jornal?As pessoas que
a fazem. Agora, quem são essas
pessoas e como são escolhidas?
Será que a nacionalidade deles ou
o tempo que estão naturalizados é
o fator-chave? É uma solução
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