Maio_2009 - page 99

Ummundo
maio
/
junho
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
93
}
Depoisdemuito tempovoltamos
àCavernadePlatão.
~
Gracioso
– É verdade, Rosa. Fala-
se em aproximar os povos, tornar o
mundo um só e pensamos em um
padrão,um termode referência ideal,
umfigurinoe,peloquevocêdiz,esse
figurino ainda precisa ser inventado;
nãoé,certamente,ofigurinodosuces-
soeconômicopurae simplesmente...
RosaAlegria
–Eisaíummomento
fantásticodecriação.Nessemundo,o
criativoentraemação.
Padre Christian
– Estamos sinto-
nizadossobreessaquestãodacultura
dacivilização.No iníciode fevereiro,
estive em Bruxelas, participando de
um congresso sobreBioética, noPar-
lamento Europeu. Os assuntos eram
a ética, a bioética e o diálogo entre
as civilizações. Isso já mostra que
estamos pensando em alguma coisa
parecida.Masvocê fala tambémsobre
avisãoqueohomem temde si edos
outros.Em termosdeculturaedecivi-
lização, temosdepensarquevivemos
umarealidademuitodura.Portanto,se
queremos rever uma questão impor-
tante, há que se questionar a própria
ideologia, casocontrário, não iremos
a lugar algum. Por estarmos focados
nacompetição,esquecemosdequeo
mais importante seria cooperar entre
nós.Desdea formação, naeducação
básica, já estragamos as crianças
porque competimos em pontos. O
vestibular nem se fala, alémde todas
as injustiçascomasuniversidadespri-
vadas epúblicas. Então, acreditoque
hoje temos de rever quais os valores
que queremos viver; mas para isso,
de novo (podemos falar mais tarde),
a questão da famosa “democracia”.
Dizemque “vivemos ademocracia”,
bela mentira. Temos de rever quais
são os valores importantes para a
sociedade, hoje. Se queremos um
mundonovo, vai serdifícil;mas,pelo
menos,um inter-relacionamentoentre
as civilizações, aí sim...
JRWP
–OProf.Graciosousouapala-
vra interdependência.
PadreChristian
– Interdependên-
ciaentreascivilizaçõeseverquaissão
os valores que temos em comum; é
issoque temosdeprocurar, de início.
JRWP
–Umbomcomeço.
Roberto Pompeu
– O Profes-
sor Gracioso foi feliz ao lançar a
questão: “será desejável ummundo
só”? Aminha resposta é não. Não é
desejável. Ele já adiantou uma parte
da justificativa: pela preservação da
diversidadedas pessoas edos povos.
Eeuapontariaoutra razão, uma irmã
gêmeadadiversidade,queéademo-
cracia. O conceito de ummundo só
não apenas fere – emminha opinião
– a questão da diversidade, mas vai
também contra a democracia. Lem-
bra, traz ressonâncias deumaordem
unida, de ummundo gerido pelas
mesmas ideias,asmesmas tendências
políticas. E issoéalgoqueeuolharia
com reservas. Acho que o que real-
mentedesejaríamos seriaummundo
“permeável”, ummundoemqueum
povo aceite o outro e ache aceitável
a interpenetração entre eles. Istoque
édesejável: harmonia entre pessoas,
entrepovose facções.Do ladoprático,
achoque issonosremeteaduasques-
tões prementes no mundo de hoje:
são as fronteiras físicas e as fronteiras
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