Maio_2009 - page 101

Ummundo
maio
/
junho
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
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î
que um dia desses nos trouxe um
projeto para começarmos a lecionar
aos alunos Futurologia, a formação
decenários.
Rosa Alegria
– Candidato-me a
professora.
JorgeMontecinos
–Comrelação
à Futurologia – que poderia ser uma
coisa levadamaisa sérionasciviliza-
ções – voltando ao “mundopermeá­
vel” citado aqui. Essemundoperme-
ável é uma coisa interessante, que
poderia ter-seglobalizado.Mas ficou
muito longedisso.Noséculopassado
significou191milhõesdemortospor
armasde fogoeporguerras.Enquanto
o povo, o planeta aspirava pela paz,
oshomens faziamaguerra.Comode-
vemospensarohomem,paraqueele
homemnãosejamanipuladopelamí-
dia, não sejaprodutodeum sistema,
de uma convenção que infelizmente
é planetária. Falou-se aqui do estado
nacional; em nome desse estado
nacional, no século passado, houve
grandes conflitos e guerras. Chegou-
seapensarqueaglobalização seriaa
grande saída para estemundo, onde
abriríamos mercados aos quais as
pessoas teriammaisacesso.Masoque
houve foiaexclusão,quesemanifesta
atépelas fronteiras internas,comoado
MorrodoAlemão, noRiode Janeiro.
Se não resolvermos esse problema
interno, vamos seguir vivendocomo
sentimentode termossidoenganados.
Estamos vivendo, praticamente, uma
guerra interna, uma guerra civil não
declarada, e não seria por ideologia,
maspor anomalia social.
JRWP
– Queria observar que, todos
essesmodelos – no passado – foram
sempre estabelecidos em virtude de
algum tipo de hegemonia; não se
pensounaunidadenão-hegemônica.
Roberto Pompeu
– Diria que a
UniãoEuropeiaéumaexceção. Elaé
amais instigantedascriaçõespolíticas
dessas últimas décadas, quebrando a
rotinadeque sempreahegemonia se
dáem tornodeumanação,deum im-
pério; ela foi arquitetadaentre iguais.
JRWP
–Equal foiosegredoqueos le-
vouanão repetiroserrosdopassado?
Roberto Pompeu
– Foi a guerra.
FrançaeAlemanhaeramaspotências
que mais se enfrentaram na história
europeia por isso há um aspecto de
enorme criatividade na origem da
União Europeia; e de inovação em
relação a Carlos Magno, Napoleão,
Hitler,ao ImpérioRomano,queéessa
construção entre iguais. Embora em
crise,difícilde implementar,difícilde
avançar, mas a sua origem é de uma
proposta inovadora.
Padre Christian
– Voltando à
questão do futuro; há uma ciência
nova, queéabioética. Elanasceudo
insight
de um cientista, o professor
Van Resselaer Potter, que diz que “a
bioética é uma ponte para o futuro”.
Eleanalisouaquestãodosprogressos
técnico-científicos, mostrando que
esses progressos não levam a lugar
algum, se não levarmos em conside-
raçãooaspectodosvaloreshumanos.
No final da sua vida, em 1999, ele
afirmouque essaponte tentaunir to-
das as éticas – éticamédica, éticada
terra, econômica – lembrando que a
ética éum juízode valores. Então eu
volto a quais valores que desejamos
priorizar para a humanidade. Mas,
para isso, ademocracia éo caminho
para que as pessoas possam se unir
e se encontrar, e, pelomenos, verem
juntasquaisosvaloresquequeremos,
numa sociedade justa.
Jorge Montecinos
– Deviam
começarpeladefiniçãodedemocra-
cia.Tentou-se levar ademocracia a
outros povos quenão a conheciam,
o que significou massacres e um
retrocesso histórico enorme. Será
que, paraquehaja apaz, faz-sene-
cessáriaumapotênciahegemônica?
Nós não aceitamos a condição do
outro, não aceitamos a diversidade
do outro; o que se quer é impor a
“minha” democracia aos outros.
JRWP
– Cedo na minha vida, tive a
experiência da descoberta de outros
povos e de outras culturas. Descobri
que aprender línguas, viajar, isso
é maravilhoso, mas também é um
movimento contrário a alguma coisa
arraigada nas pessoas, que é omedo
do desconhecido.
Gracioso
–Umaoutra coisa, so-
bre a qual nãodevemos nos iludir:
as culturas nacionais e regionais
não são tão vigorosas a ponto de
resistirem ao desgaste, ao atrito
}
Eunãovejoessaconvivência tão
pacífica, daqual nosorgulhamos.
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