 
          
            31
          
        
        
          M A I O
        
        
          /
        
        
          J U N H O
        
        
          D E
        
        
          2 0 0 5 – R E V I S T A D A E S PM
        
        
          Francisco
        
        
          Gracioso
        
        
          doconsumidor, a imagemdanossa
        
        
          marca. Jánão émais possível, para
        
        
          os grandes anunciantes, comoanti-
        
        
          gamente, ter no ar, permanente-
        
        
          mente,50a60campanhas. Eoque
        
        
          é mais incrível ainda, falo de coi-
        
        
          sas de 20, 30 anos atrás, 50 cam-
        
        
          panhas, e as 50 conseguiam
        
        
          imprimir a marca de um produto
        
        
          na cabeça do comprador de tal
        
        
          forma que ele ia ao supermercado
        
        
          e preferia aquela marca. Não é
        
        
          mais possível. Omercado tornou-
        
        
          se muito mais competitivo, muito
        
        
          mais sofisticado, o consumidor já
        
        
          não se emociona com facilidade.
        
        
          Umestudo recentemostrouqueas
        
        
          três grandes preocupações da
        
        
          classe média hoje são: primeiro,
        
        
          plano de aposentadoria para o
        
        
          chefe de família; segundo, a
        
        
          educação para os filhos; terceiro,
        
        
          planode saúde para a família. São
        
        
          essas as coisas que têm apelo
        
        
          emocional, realmente, para a
        
        
          maioria das famílias de classe
        
        
          médianestepaís. Elesnãoatribuem
        
        
          grande valor emocional a leite em
        
        
          pó, sabonete, creme dental, deter-
        
        
          gente e coisas deste tipo.Os desa-
        
        
          visados culpam a propaganda: “a
        
        
          propaganda não consegue mais
        
        
          vender, porquenãoconseguemais
        
        
          marcar a marca”. Que grande
        
        
          bobagem! Não é culpa da propa-
        
        
          ganda; é culpa de uma realidade
        
        
          totalmentenova, culpadaspróprias
        
        
          empresas, que não investiram
        
        
          como deveriam em inovação, nos
        
        
          últimos anos, e, hoje, temos uma
        
        
          mesmicedecair oqueixo.Aúnica
        
        
          referênciaéamarca,porqueo resto
        
        
          é tudo igual.Aí dizem, novamente:
        
        
          “culpa da propaganda”. Não, não
        
        
          é “culpa” da propaganda. O
        
        
          problemaexiste,mas seuenuncia-
        
        
          do é:
        
        
          
            “Como conservar o relacio-
          
        
        
          
            namento de minha marca com o
          
        
        
          
            consumidor?”
          
        
        
          Apropagandadehoje tambémga-
        
        
          nhou limitações de verba, de con-
        
        
          ceito, de responsabilidade. A pro-
        
        
          pagandanãopodemais se respon-
        
        
          sabilizarpelaconstruçãodemarcas
        
        
          específicas. Épraticamente impos-
        
        
          sível lançar um novo detergente,
        
        
          investir 200milhões de reais para
        
        
          provar que lava mais branco. Por-
        
        
          que, dentrodeummês, surgiráum
        
        
          concorrente que vai lavar ainda
        
        
          mais branco.
        
        
          Então, a propaganda, cada vez
        
        
          mais, se preocupa com uma
        
        
          imagembaseadaemconfiança, em
        
        
          fatores subjetivos, o que muda
        
        
          completamente a natureza da
        
        
          propaganda, e leva novamente à
        
        
          pergunta: “Então, como manter o
        
        
          relacionamento da marca?”. A
        
        
          resposta existe e os grandes
        
        
          anunciantes de vanguarda, sem
        
        
          desprezar a propaganda, estão
        
        
          encontrandooutras formasde fazer,
        
        
          criar e reforçar este relaciona-
        
        
          mento. Sãoverdadeiros “esquemas
        
        
          estratégicos”emqueapropaganda
        
        
          deixa de ser o fator principal, em-
        
        
          bora continue como fator im-
        
        
          portante, e algo lhe toma o lugar.
        
        
          Essealgopode serumprogramana
        
        
          mídia, como o Show do Milhão,
        
        
          um time de futebol ou a figura do
        
        
          Ronaldo – o fenômeno –, que pro-
        
        
          moveumanova linhadecelulares.
        
        
          Não há realmente limite para a
        
        
          imaginação. Se o problema é
        
        
          relacionamento, a solução ainda
        
        
          pode serapropaganda, láemcima,
        
        
          no ápice do triângulo. Masmuitas
        
        
          vezes, nãoémais: éumpatrocínio,
        
        
          é um grande
        
        
          
            show
          
        
        
          demoda, é um
        
        
          grande
        
        
          
            show
          
        
        
          de
        
        
          
            rock.
          
        
        
          Chegamos ao item seguinte: estou
        
        
          lançandoepropondoavocês,como
        
        
          mais uma
        
        
          
            franchising
          
        
        
          da ESPM, as
        
        
          SeteArenas da Comunicação, por-
        
        
          que, realmente,ninguémaindapen-
        
        
          sou nisto e, entretanto, é o que já
        
        
          está acontecendo nomundo real.
        
        
          As agências de propaganda de an-
        
        
          tigamente baseavam a sua força
        
        
          para o cliente em duas coisas: em
        
        
          primeiro lugar, na criatividade; em
        
        
          segundo lugar, na capacidade de
        
        
          planejar o uso da mídia de forma
        
        
          eficiente e econômica.
        
        
          Amídia o que era? Jornal, revista,
        
        
          rádio, TV, cinema e cartaz de rua.
        
        
          As agências, melhor do que nin-
        
        
          guém, sabiamcomocombinaresses
        
        
          veículos e sabiam como criar bons
        
        
          materiais para usá-los nas campa-
        
        
          nhas. Hoje, a agência continua a
        
        
          planejarousodamídia,mas jánão
        
        
          émaisexclusivanisso.Aagênciasa-
        
        
          be que, do lado do cliente, muitas
        
        
          vezes,hágentecapaz, tantoquanto
        
        
          aagência,deplanejaraquelamídia
        
        
          de uma forma perfeita. Sabe que
        
        
          tem a ameaça dos
        
        
          
            bureaux
          
        
        
          de mí-
        
        
          dia, quepodem fazer issomelhor e
        
        
          maisbarato.Qual éadiferençaque
        
        
          a agência, pouco a pouco, poderá
        
        
          assumir?Naminhaopinião: emvez
        
        
          de planejar mídia com base em
        
        
          cinco veículos, a agência vai pla-
        
        
          nejarmídia,comMmaiúsculo,com
        
        
          base nas Sete Arenas da Comu-
        
        
          nicação.