Julho_2006 - page 9

Fábio
Barbosa
11
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
juros, suapolíticafiscal e tributária.
Perceberamquenãodavamaispara
gerenciar tudo isso como antes.
Tiveram de unir-se, então, porque
as economias eram muito inde-
pendentes. E, nesse aspecto, não
havia ummodelo. Acho, realmente,
que foi issoqueaconteceunaEuropa.
Não se tornaram uma aldeia global;
isso foi impostopela realidade.
JR
–Nãoéumacomunidadeafetuo-
sa; é uma comunidade econômica.
Fábio
– Mas é possível dosar o
ritmo. OBrasil, de certa forma, do-
sou–andamos em ritmomais lento
doqueoutros países eficamos para
trás. Os Estados Unidos são muito
criticados, embora eu acheque eles
tenhamumaeconomiamuitoaberta.
Mas acho que é possível, sim, em
alguns casos, dosar isso, e tem sido
o caso doBrasil.
Gracioso
– No seminário de
negócios internacionais, que tive-
mosnaESPM, falouumprofessorca-
nadense–BrianSilverman–edisse
queestariamenganadasasempresas
quedizemquenãodáparacompetir
a partir do Brasil, e que vão passar
a fabricar na China, emTaiwan, ou
seja lá onde for. Ele afirmou que só
se deveriam globalizar as empresas
que já são eficientes. Ele acha que
eficiência é fator fundamental. E
isso vale também para os países.
Talvez aí esteja o que você falou
sobre educação e infra-estrutura.
Não dá para nos globalizarmos, se
não formos eficientes.
Fábio
– Pois é. E esse processo
de globalização está acontecendo
nummomento emqueoBrasil está
defasadoem relaçãoàsquestõesda
educaçãoe infra-estrutura.Portanto,
ficamos menos competitivos. Hoje
está no jornal a questão dos pneus,
que chegam aqui custando 30%
menos doque os produzidos local-
mente.Achoqueomomentonãoéo
maispropícioparaoBrasil.Masnão
é inesperadoporque sabemos disso
háanos–oBrasildeixoupassarboas
oportunidades. Com a pressão, o
Brasil vai ter problemas sobrequais
as indústrias que conseguirá man-
ter. Tivemos, no banco, a visita de
uma pessoa que trabalha na China
e vários empresários discutindo a
questão da China, que é uma carta
nova na globalização, ainda mal
entendida,malavaliada.Achoqueo
queaChinapoderávir a ser só será
entendido daqui a alguns anos. O
próprio dólar, no Brasil, a R$ 2,20
é fruto do crescimento da China,
que fez com que o preço de com-
modities subisse,oBrasil tivesseum
superávit comercial que levasse o
dólarparabaixoeprejudicasseuma
série de empresas – que sequer en-
tenderamoqueaconteceu–acabam
culpandoogoverno, a taxade juros,
esquecendo de reconhecer que o
mundoestámudando rapidamente.
A introduçãodaChinanaeconomia
mundial é devastadora em termos
de impacto, tanto positivos como
negativos.
Gracioso
– Para nós, especial-
mente, são positivos ounegativos?
Fábio
– Eu tenderia a dizer que,
para o Brasil, em geral, é positivo.
O Brasil é uma economia comple-
mentar àChina, porém, paraalguns
setores, pode ser muito negativo, a
ponto de não sobreviverem. Talvez
renasceremoutrociclo–a indústria
têxtil é um caso claro.
Gracioso
– Não há uma certa
analogia entre o que se espera da
China hoje – o impacto que ela vai
causar na economia mundial – e
aquiloque se dizia do Japão, há 20
ou25 anos?
Fábio
– Não devemos esquecer
que o Japão destruiu indústrias
inteiras – as máquinas fotográficas
alemãs desapareceram; a própria
indústria automobilística – aToyota
será, em breve, a maior indústria
do mundo. Geladeiras, rádio, som
e TV – foi tudo para o Japão. Sua
atuação teve efeitos devastadores,
mas as economias se adaptaram. A
Europa talveznãose tenhaadaptado
tão bem. Ela está num processo
“Andamosemritmo
mais lentodoque
outrospaíses.”
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