Maio_2005 - page 20

Caio A.
Domingues
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S E T EMB RO
/
OU T UBRO
DE
2005 –REV I STA DA ESPM
os países que ainda não contavam
comuminstrumentodeautodisciplina
(a versão do Código para o inglês é
capítuloàpartee somentea teimosia
deGeraldoAlonsopôde torná-lauma
realidade).
Dizia eu que se passaram dez anos.
Vale lembrarque,aos temposemque
ainda residiaemSãoPaulo,participei
ativamente de uma das câmaras de
julgamentodoCONAR.Todavia,com
a minha mudança para o Rio,
decorreramanosatéque,nasegunda
metadede1988, fui novamentecon-
vocado para a Câmara – no caso,
aquela que funciona no Rio, sob a
competente presidência de Celso
Japiassu–oqueme facultouumnovo
eestimulantecontatocomostrabalhos
do CONAR e com diversos compa-
nheiros da primeira hora, inclusive o
presidente amigo Luiz Fernando
Furquim.
Estava eu assustado com a redação
deste artigo quando fui convocado,
em15-12, parauma reuniãodoCO-
NAR em São Paulo, inclusive um
plenário que envolve todas as
câmaras, com a finalidade de julgar
processos de maior envergadura e
complexidade.
Creioquenão fogeaosmoldes eob-
jetivos deste artigo relatar – dando
nome aos bois – dois processos que
foramjulgadosnaoportunidadeeque
dão bem uma idéia de que, jus-
tificando o título deste trabalho, não
é tarefa fácilaplicaroCódigodeAuto-
Regulamentaçãoe tornar realidadea
ação disciplinadora do CONAR. O
primeirodessesprocessosenvolviaum
comercial daDPZparao seu cliente
Artex (toalhas).Ocomercial retratava
a situação de um rapaz que, incon-
formado com o fato de ter sido
abandonado pela sua companheira
(esposa,noivaouamante),dedica-se,
commeticulosoempenho, aquebrar
todo o apartamento. Usando como
armaumabajur depé, nada resisteà
agressividade destruidora de nosso
personagem – inclusive a televisão.
Após os debates de praxe, todavia,
decidiu-se“aprovar”ocomercial,não
tendo prevalecido o voto de alguns
membros da Câmara que preco-
nizavam,pelomenos,queanunciante
e agência fossem advertidos quanto
ao mau exemplo representado por
toda aquela inaudita violência.
Jána reuniãoplenária, foiexaminado
um outro processo, do qual era alvo
um (a meu ver) inocente comercial
criado pela McCann-Erickson para
seuclienteMcDonald´s.Nessapeça,
ambientadanasaladadiretoradeuma
escola primária, a situação era su-
cintamente a seguinte: dois casais
convocados pela diretora ouviam o
relatodas travessurasqueseusdiletos
pimpolhosde11-12anos (“perversos
polimorfos”)
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haviam praticado no
colégio. A diretora era uma figura
obviamentecaricatural eas crianças,
bem como os pais, se entreolhavam
com sorrisos cúmplices, enquanto
OPRIMEIRODESSESPROCESSOSENVOLVIAUMCOMERCIALDADPZPARAO
SEUCLIENTEARTEX (TOALHAS).OCOMERCIALRETRATAVAASITUAÇÃODEUM
RAPAZQUE,INCONFORMADOCOMOFATODETERSIDOABANDONADOPELASUA
COMPANHEIRA (ESPOSA,NOIVAOUAMANTE),DEDICA-SE,COMMETICULOSO
EMPENHO,AQUEBRARTODOOAPARTAMENTO. USANDOCOMOARMAUM
ABAJURDEPÉ,NADARESISTEÀAGRESSIVIDADEDESTRUIDORADENOSSO
PERSONAGEM– INCLUSIVEATELEVISÃO.
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