Julho_2006 - page 47

O impacto da
globalização
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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
A informatização faz na linha de
produção e nos níveis de adminis­
tração o que a industrialização fez
na classe trabalhadora no século
XIX: substitui gentepor equipamen­
to, aumenta o desemprego por
desqualificação técnica, aumenta a
produtividadedequemmantémem­
prego, aumentaaprodutividadedas
empresasqueconseguemampliaro
uso desses instrumentos. Substitui
redes de distribuição de produtos,
faz setores industriais absorverem
parte de atividades que tinham
passado para o comércio, barateia
produtosparaquempodeusardesse
instrumento, poupa-lhes tempo.
Anovaeconomiaé sóumvastocon­
juntodeempresasquecriam
hardware
e
software
, ferramentas importantes
parareduzircustoscomoasmáquinas
no século XIX. Essas transformações
são então afetadas tanto no que
se refere ao modelo de produção,
quantoaosmecanismosque regulam
as relações decorrentes desse novo
modelo produtivo. Neste sentido, a
administraçãodasorganizaçõespas­
sou tambémpor transformaçõespro­
fundas na última década em função
dos novosmodelos que se apresen­
taram como alternativa à complexi­
dade dos processos administrativos
influenciadapelasmudançasradicais
promovidas pela terceira revolução
industrial – a emergência da econo­
miada informação.
Assim sendo,oqueestáemquestão
quantoàglobalizaçãoéque se trata
deum fenômenode rupturahistórica
de amplas proporções. Ao analisar­
mos a solução dos problemas que
existiam no passado, os mesmos
eram estritamente nacionais ou
regionais, e agora se transformam
emquestõesmundiais.O indivíduo,
que estava circunscrito à realidade
local,é levadoaumanova realidade
global, abrindo obrigatoriamente
suas possibilidades de reflexão,
colocando-se um novo desafio no
seu modo de pensar, agir, sentir e
imaginar, visto que agora se dá no
patamar da esfera global.
Os problemas e, conseqüente­
mente, as soluções a serem toma­
das revelam-se simultaneamente
mundiais, nacionais, regionais e
locais, ao mesmo tempo em que
se desenvolvem novas formas de
relações quer seja no âmbito do
trabalho ou da sociedade.
As sociedades nas quais se inserem
as organizações, públicas ou pri­
vadas, os indivíduos e as coletivi­
dades, os grupos e as classes, os
gêneros e as raças, os partidos e os
sindicatos, se tornamcadavezmais
complexas, ao mesmo tempo em
que exigemmudanças nas referên­
cias do espaço e do tempo.
A competitividade, globalizada,
trouxe profundas transformações
para as nações, alterando os seus
mercados, aatuaçãodasempresase
o seuposicionamento relativo frente
aos seus concorrentes, incluindo
nestas as relações de trabalho. As
dimensões políticas, sociais, cul­
turais eeducacionais vão sendo in­
fluenciadasporumnovoparadigma
queacentuaasexigênciasdo“novo
mundo do trabalho” (Ianni, 1996),
exigências estas que ultrapassamo
âmbito da produção e da gestão,
atingindo a esfera dos valores.
Para Miranda (1997, p. 41), o im­
pacto da globalização, associado
à revolução tecnológica (...) impõe
um novo padrão de conhecimento:
menos discursivo, mais operativo;
menosparticularizado,maisinterativo,
comunicativo;menos intelectivo,mais
pragmático; menos setorizado, mais
global; nãoapenas fortementecogni­
tivo,mas tambémvalorativo.
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SCHILLING
,V. Globalização.
.
com.br, 2002.
JúlioCésar
TavaresMoreira
Professor da ESPMnas disciplinas de
Marketing; SócioConsultor daMind
Consultoria;Mestre emAdministração de
Empresas eDoutor emCiências Sociais –
Relações Internacionais.
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