Julho_2002 - page 101

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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
no ambiente da empresa, além do
profundo e necessário envolvimento
das principais lideranças da organi-
zação.
FG –Há quem diga que esse con-
ceito de responsabilidade social teria
vindo em boa hora para dar à empre-
sa ideais que vão além dos comerci-
ais. Ideais que, de certa forma, se di-
luíram, nosúltimos anos, coma ênfa-
senaempresaeficiente,produtiva, lon-
ge da antiga noção social quemuitas
corporações tinham,principalmenteas
européias. Daria essa nova bandeira
idealística,alémde tudooque foimen-
cionado, umnovo sentidoao trabalho
dos executivos, daempresaede todos,
enfim?
Guilherme –Acreditomuito nis-
so.Amudança da empresa se insere
nesse contexto global, da nova arti-
culação da sociedade civil e da revo-
lução do conhecimento. O fenômeno
da revolução das comunicações per-
mite a conexão instantânea de uma
miríade de pessoas e organizações
não governamentais que, isolada-
mente, poderiam ser muito pouco
poderosasmas que, conectadas, pas-
sam a representar uma importante
fonte de pressão sobre o comporta-
mentodas empresas.A sociedadeco-
bra, crescentemente, cidadania em-
presarial embalando produtos e ser-
viçosdequalidadeapreços competi-
tivos. Por outro lado, à medida que
temos nageraçãode conhecimentoo
grandevetordecriaçãodevalor,pas-
sa a ser crucial para as empresas
ampliar suacapacidadedemobilizar
o talento humano. Para isso é neces-
sário dar um novo sentido ao traba-
lho e propostas apenas materiais e/
ou objetivos com “ser a maior do
mundo” sãopouco eficazes.
FG –
Deixe-me narrar um caso
interessante. Temos um grupo na
ESPM que está trabalhando no cru-
zamento dos dados da revistaExame.
São dois bancos de dados – um é das
500 maiores empresas brasileiras; o
outroédas100melhoresempresasbra-
sileiraspara se trabalhar.Estamos cru-
zando estatisticamente dados das 100
melhoresparase trabalharque também
fazempartedas 500. Criamos dois gru-
pos: um grupo das 500 que não fazem
parte do grupo de 100 e um grupo das
500queestãonessegrupo.Partimosdo
princípiodequeumaboaempresapara
se trabalhar já é o começo de uma em-
presacom responsabilidade social, pois
existe uma ética distinta no relaciona-
mento com os colaboradores e outros
públicos também. Descobrimos que as
empresas consideradas como bons lu-
gares para se trabalhar chegam a ser
até 12 vezesmais lucrativas do que as
quenão são consideradas. É impressi-
onante a diferença em termos de
performanceempresariale, talvez,haja
outras variáveis.Esseéumestudopio-
neiro e, como tal, dever ser encarado
com reservas, mas o que percebemos
até agora é que parece haver uma re-
lação clara entre ética e
performance.
Guilherme – Muito interessante
esse estudo. Por mais que as avalia-
ções devam se aprofundar, acredito
nisso. Ao fazermos a análise das ra-
zões que nos impulsionaram do fun-
do de quintal onde nascemos para a
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