Julho_2002 - page 91

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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
cipar de partido político; mas quer
atuar, pressionando todos os parti-
dos, atuando comomotor de deter-
minadascausas, nãoparticipe.Mas
entrenoprocessodeescolha.Acho
que há um estágio anterior que é
você mapear essas perspectivas,
essas escolhas, vislumbrar as pos-
sibilidadesque tem. Issoé comoeu
vejo, pois tenho uma experiência
empresarial esocial.Quasea totali-
dadedasempresasedosempresá-
riosnãopercebeadimensãodoseu
poder nemadimensãodosseus re-
cursos e não têm – nem de longe –
avisãodecomoesses recursospo-
dem ser utilizados em benefício da
comunidade. Quando você se per-
gunta: oqueeuposso fazer?Éque
começa a mapear tudo que você
tem, abre perspectivas que não ti-
nha antes. E aí você temmais pos-
sibilidade de escolha e a escolha,
quandovocê fizer, depoisdepercor-
rer essecaminho, seráamelhor es-
colha. Se o empresário decidir par-
ticipar através de um partido políti-
co, depois de percorrer esse cami-
nho, ótimo. Se não, ótimo também.
JR–Elepoderiacontribuirparaa
politizaçãodosseus funcionários.
Oded – Nessa cartilha de que lhe
falei está todo o papel de uma em-
presaquepretendesermais respon-
sável no processo eleitoral – que
pretende, porque você nunca che-
ganos fins.Eháváriasetapas.Uma
delas é ajudar as comunidades, as
pessoas a fazer a escolha mais
consciente – quase transformando
a empresa em uma escola de cida
-
dania. Você reúneopessoal, diante
de uma eleição como essa, e diz o
seguinte: Olha, pessoal, vamos ter
eleições para presidente, senador,
deputado federal etc. Então, quais
são as atribuições do presidente,
quaisasdeumsenador, dodeputa-
do federal, estadual, governador?
Para que as pessoas tenham cons-
ciência de que, quando chega um
candidato a deputado estadual e
diz que vai acabar com a infla-
ção,saberque issonãoéatri-
buição dele, mas o que ele
realmente pode fazer. E,
depois, como se pode
analisaroscandidatos,
pelos currículos; por
exemplo,perguntan-
doaelesquaissão
seus planos;
quais as priori-
dades; gravar
o nome de-
les pa-ra
c ob r a r
depois.
V o c ê
pode ajudar,
chamando alguns
candidatos para debater
com seus funcionários. Eu fiz
tudo isso na minha empresa. Você
podeajudarmuitonoprocesso.Não
precisa dizer em quem eles devem
votar, mas oferecer-lhes condições
de fazer uma escolha consciente.
JR–A idéiaquese temnaempre-
sa a respeito de atividades
extracurriculares, de alguma for-
ma, é sempre de que isso gera
mais custo. Como é que vocês
abordamessaárea?Seráque, toda
vezqueaempresadesenvolveal-
gumaatividade,visandoasuares-
ponsabilidade social, ela teráque
pagar umacontapara isso?
Oded – Tem. Mas se você olhar
como custo, é uma coisa; se olhar
como investimento, é outra. Você
paga,mascomo investimento, você
diz: custou tanto e tive tanto de re-
torno. Como se faz em qualquer
empresa.Vocêvai investirnumnovo
produto, investir na capacitação de
seus funcionários, numanova fábri-
ca. Se olhar isso como custo, não
vai fazer.Mas seolhar comoum in-
vestimentoque trará retorno, aí sim.
JR – Há quanto tempo existe o
Ethos?
Oded –Há quatro anos.
JR –Vocês têm casos?
“Vocênãopodeser
autoritáriocomo
seédentroda
empresa.”
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