Julho_2002 - page 88

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Revista daESPM – Julho/Agosto de 2002
JR – Mas também com algumas
fortalezasepotenciaisqueoadul-
todeixade ter.
Oded–Vocêvêquecadaumdenós
chegou aonde chegou porque nos-
sos pais tentaram educar-nos com
cuidado. Sabiam que estávamos
crescendo, quenãopodíamos fazer
determinadas coisas, que éramos
expostos a determinados perigos.
Muitas crianças atémorrem por fal-
tadessescuidadosbásicos.Acomu-
nicação tem que levar isso em con-
ta: acriançanão tem,muitasvezes,
acapacidadede julgar,entender;ela
pode ser realmente levada ...
JR–Mas issonão justificaasproi-
bições que o deputado está que-
rendo transformar em lei.
Oded – Exato. Acho muito melhor,
paraacriança, relacionar-secomos
seus pais, seus amigos, ir à escola
–ocontatohumano. Sempreémui-
to melhor. Mas inevitavelmente ela
acaba tendo que se relacionar com
a televisãoeoutrosmeiosdecomu-
nicação mas, principalmente, a te-
ca são brinquedos, terá que co-
municar à criança que aquele
brinquedo existe. Mesmo que
quem compre seja o pai ou o
padrinho, há a necessidade –
mercadológica, nosentidoestri-
to – de levar essa mensagem à
criança. Comovocêvêacriança
então como consumidora?
Oded–Umdosmotivosdosucesso
da minha empresa é que sempre
procurei fazer brinquedos, jogos de
carátereducativo–ecomomáximo
cuidado em relação ao conteúdo,
com a intenção de que aquele brin-
quedo realmente ajudasse aquela
criança a se desenvolver, que não
prejudicariaedariamelhorescondi-
çõesparaela crescer. Eeuachava,
mesmo,muitomelhor queelausas-
se esses brinquedos, do que vários
outros dos meus concorrentes, na
época. Eera importante comunicar,
sim.Masaminhacomunicaçãonão
eradirigidaparaas crianças e, sim,
aos pais, porque eles é que podem
distinguir as vantagens existentes
nos produtos e decidir o que seria
interessante terparaseus filhos.Co-
mecei com jogosparaadultoseado-
lescentes, enãomedirigiaespecifi-
camenteàscrianças.Achavamelhor
falar com os pais. Agora, existe, de
fato,muitapropagandadanosapara
as crianças.
JR–Existepropagandadirigidaà
criançaquenão sejadanosa?
Oded – Acho que tem sim, há pro-
paganda educativa.
JR – Você está dando ênfase à
questãoeducativa,masaABRINQ
tinhaum
slogan
queera“Criança
quer amor ebrinquedo”.
Oded – Lembro, mas não é da mi-
nha época; foi posterior.
“Diziamqueeuera
umapessoamuito
idealista,mas
também ingênua.”
levisão.Melhorseriaseestivessena
escola, brincandocomseusamigos
ou com seus pais. Mas já que está
exposta à comunicação, então, é
melhor teralgumacoisadirigidaaela
especificamente, tomandooscuida-
dos necessários. Na verdade, não
há nenhuma comunicação para a
criança; ela só está sendo exposta
à comunicação para adultos.
JR–Aminhapergunta foi especi-
ficamente sobre a criança como
consumidor. Seoque você fabri
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