Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 22

Entrevista
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
22
}
Percebo que omundo e a
humanidade sãomuito sábios.
~
como o senhor mesmo citou, ele
“cresceu muito”. Mas como você
envolveessaspessoasnumamesma
causa? Estabelecendo sempre uma
comunicação. Primeiro commuita
consciência e respeito à cultura,
à maneira como o Banco Real se
comporta. Quando foi vendido, o
banco se comportou muito bem,
por seguir os princípios e valores
do Dr. Aloysio de Andrade Faria,
um grande administrador, com
regras muito claras. Ele nunca
teve restaurante no banco porque
achavaqueera saudável aspessoas
saíremdo ambientede trabalhona
hora do almoço. Mandava tocar
duas campainhas ao final do dia,
uma às seis horas e outra às seis e
meia para lembrar ao funcionário
que era hora de ir para casa. Se o
trabalho não cabe dentro do seu
espaço, tem alguma coisa errada,
porque é importante você viver a
vidapessoal também. Eleeracontra
gavetasearmáriosnas salas,porque
os papéis com que você lida não
foram feitos para ficar guardados,
elesdevemcaber no seuespaçode
trabalho e precisam fluir, porque a
vida flui. Por exemplo, antes de o
Real ser vendido ao ABN/AMRO,
vocênãopodia termaisdoquedois
empregos; porque isso, segundo o
Dr.Aloysio, demonstravaque você
era uma pessoa muito inquieta e
nãoestavadispostaa investir numa
carreira sólida e isso era, para ele,
importante. Essas eram algumas
características dele que ajudaram
a formar uma organização com
princípios e regras claras. E o Fá-
bio trouxe um desses valores − o
respeito à cultura e às pessoas –
para a instituição. Uma série de
ingredientes acabou se somando
e fazendo com que a operação
fosse muito respeitosa: comedi-
mento para aprender e ouvir. O
Real, até por ser uma organização
paternalista, tinhaummodelomais
centralizado de gestão. O ABN/
AMRO implantou um modelo de
gestãomaisdescentralizadoemais
responsávelnaponta.Comoaspes-
soas eram obedientes, cumpriram
bem as novas tarefas, receberam
bemessadescentralização.Nãoera
um bando de rebeldes sem causa,
mas sim pessoas que tinham, de
fato, uma prática de princípios,
baseadanafilosofiadoDr.Aloysio.
Isso foi combinadoe, apartirdeum
convívio social saudável, come-
çamos a fazer algumas perguntas:
“O nosso trabalho é ser um bom
bancoouumaempresa socialmente
responsável com uma dimensão
de atuação mais ampla?” Para ser
muito franco, começamos a dar os
primeiros passos com modéstia,
reunindo um grupo de pessoas e
fazendo essas perguntas – o que
posso fazer além de ser um bom
banco?, qual é o meu papel na
sociedade?, qual o meu papel no
mundo?,oqueestáacontecendono
mundo? E começamos a conectar
nossas mentes e nossos corações
com uma causa maior do que ser
um bom banco. O grande eixo foi
oeixodehumanização, carregando
umabandeiradeequilíbrionavida
ecom issoo temada sustentabilida-
de muito presente. O que fizemos
foi nos preparar para o que temos
pela frente.O Santander é um gru-
po que tem vocação para o varejo,
que já possui umamassa crítica no
Brasil, equivalenteàdoBancoReal.
Então, estamos somandooperações
muito grandes e isso é importante
no ambiente econômico atual para
termosescala, ganharmosaeficácia
que nos permitirá ir mais longe.
Ir mais longe a partir do eixo da
inovação,mas inovaçãosemprevin-
culadaàhumanizaçãodas relações.
GRACIOSO – Relembrando os
anosde introduçãodaculturano
Banco Real, o Fábio citou certa
vez–parecequeéuma fraseque
ele repetia constantemente: “É
preciso marcar gol, queremos
chegar ao gol, mas é proibido
darcaneladasnoadversário”. Isto
temum sentidomuitoprofundo
porque num banco, como em
outras atividades estritamente
competitivas, parece que é até
uma segunda natureza “odiar”
o concorrente. É preciso ser um
pouco feroz, é preciso querer
ganhar a qualquer custo. De re-
pente chega o presidente e diz
“euqueroganhar,masnãoquero
caneladas”.Comovocês interpre-
taramesseprincípio?
FERNANDO – Assim como o Dr.
Aloysio, o Real é um banco com
princípios muito claros. O Fábio é
um homem com princípios muito
claros, a partir da educação, do
berço, da família. Ele traz con-
sigo esses conceitos, em termos
como ser humano que tem, de-
fende e vive esses princípios. Esse
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