Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 140

Mesa-
redonda
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
140
GRACIOSO
– Ninguém pode nos
acusar de sermos originais na esco-
lha desse tema. Agora só se fala de
sustentabilidade.Gostariadepropor
aabordagemdesse temademaneira
nova e ousada, com foco em duas
vertentes. A primeira é discutir se o
mundo está sendo sincero quando
fala em uma nova economia verde,
quevai exigir trilhões dedólares em
novosequipamentosemetodologias
menos eficientes economicamente
para que a vida do Planeta, daqui a
mil anos, seja exatamente como foi
hámil anos. Estamos falando sério?
Muitas iniciativas que surgem na
imprensanão sãodosgovernos,mas
das empresas que também têm sua
própria dose de culpa, porém estão
fazendo coisas que parecem ser da
competênciadospaíses...Asegunda
área de discussão é: caso omundo
decida aceitar o desafio e mudar
a maneira de ser, a civilização do
petróleooudos fósseis,oshábitosde
consumo pensando em prolongar a
vida humana no Planeta, quem de-
verácoordenaressesesforços?Aque
autoridade supranacional caberia
esta tarefa?OPrêmioNobel deEco-
nomia acaba de ser entregue a dois
economistas, sendo que um deles
é a americana Elinor Ostrom, que
defende a tese de que não adianta
imaginarqueosgovernos resolverão
os problemas da humanidade. Ela
propõe uma terceira via que não é
privadaoupública,massimaviadas
ONGs, comacriaçãodeumaONG
ideal, capaz de resolver estemonu-
mental desafio.Oque vocês acham
dessasquestõesque transcendem,de
fato, tudoque está aqui?
DENIS
–Paracomeçarodebate,gos-
taria de tecer duas considerações.
Até que ponto estamos diante de
um problema real? Outro dia, um
amigome ligouperguntandocomo
estava o clima no Rio Grande do
Sul. Respondi: “Esfriamento glo-
bal, nunca o inverno foi tão longo.
Enquanto no Hemisfério Norte
tem aquecimento, no Sul temos
esfriamento global”. Sob forma de
brincadeira, quero dizer que não
existe evidência científica de que
esseaquecimentoglobaldoPlaneta
sejadiferentedoqueaconteceuhá
milhões de anos, onde já tivemos
grandes transformações, sem ne-
nhum fator humano agindo. Fico
muito impressionadoporque, hoje,
vivemos numa civilização onde a
evidência científica é substituída
pelo papel da mídia, na qual um
artigode divulgação émais impor-
tante do que um artigo científico...
JRWP
–Que fazmais barulho.
DENIS
–Fazmuitomaisbarulho.Há
vários cientistas que advogam que
realmenteoPlanetaTerraestádiante
de um problema de aquecimento
global, noqual o fator humanonão
teria essa preponderância que lhe
é normalmente atribuída. Sei que
issoéuma tesenãomuitosimpática,
poucopoliticamente correta,mas é
preciso enfrentar... Certa vez assisti
a um debate naTV entreAl Gore e
um cientista que questionava sua
tese, querendo saber as causas, as
condições e como isso ocorria. O
cientistaopressionavaeele respon-
dia: “Olhe a geleira derretendo”.
Isso não é resposta para um argu-
mentocientífico.AlGorenão soube
respondernada.Esseprimeiroponto
é muito importante. O que é real
em tudo o que está acontecendo?
Quando se deve abandonar um
poucoacoberturamidiáticae tentar
substituí-lapelacoberturacientífica?
O segundo ponto está relacionado
ao controle internacional, ou seja,
porque essas ONGs internacionais
podem estabelecer (supondo que
seja verdade) esse tipode controle?
Tenho trabalhado a questão das
ONGs em função dos movimentos
sociais. E tenhoconstatadoqueelas
estão muito concentradas entre si
e emmovimentos sociais das mais
diferentes tendências.Muitasvezes,
algumasdelas respondema interes-
ses de empresas competidoras de
empresas brasileiras. Como separar
o joiodo trigo?Qual ecomo seriaa
ONG ideal? Fico preocupado com
isso.Vamospegarumexemplopara
ilustrarmelhoroqueestoudizendo:
todos falam hoje de direitos huma-
nose todosconcordam.AComissão
da ONU encarregada dos Direitos
Humanos é composta por libertici-
dase transgressores sistemáticosdos
direitoshumanos,comoaLíbiacom
MuamarKadafi,aSíriaeCuba.Esses
são os representantes dos direitos
humanos,querdizer,umorganismo
internacionalquediz representaros
direitos humanos temumapolítica,
nos seus respectivos países que
contrariaosdireitoshumanos.Temo
que algo equivalente possa aconte-
cer em relação a isso. Um terceiro
ponto apenas: o Brasil tem sido
muitocriticado internacionalmente.
Mas o trabalho do chefe geral da
Embrapa, deCampinas, Evaristo de
Miranda, mostra que nenhum país
conservou tanto as florestas nativas
quantooBrasil, que tem entre60%
e 70% de mata nativa, enquanto
nos países europeus esse índice é
zero ou um vírgula alguma coisa.
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