Sustentabilidade_Janeiro_2010 - page 144

Mesa-
redonda
¸
R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
144
2012,mantendoosníveisde impactos
socioambientaisregistradosem2009.
JRWP
– Faz parte da constituição
da empresa?
PERCIVAL
– Está no
business plan
EficiênciaOperacional eResultados
Econômicos Financeiros. Como
vocês bem sabem, uma Unilever
não se contenta com pouco, como
toda grande corporação. Isso ense-
ja – e era sobre isso que estavame
referindo,queprovocauma sériede
espetadas no pensamento humano
– a possibilidade de inovação, mas
a da tecnologia pela tecnologia...
GRACIOSO
– Talvez numa outra
direção.
PERCIVAL
–Uma inovação inspira-
da por necessidades não sei se tão
sincerasou insincerasdoscientistas,
mas por necessidades diferentes
do que apenas o lucro ou o cresci-
mento. É muito mais necessidade
de inovar para o desenvolvimento,
queéocrescimentocompartilhado
equilibradamente.
GRACIOSO
–Anteontem à noite, a
AssembleiaLegislativadeSãoPaulo
aprovouaPolíticaVerdedoGoverno
do Estado. Não sei se alguém leu a
respeito, mas o Estado de São Pau-
lo propõe-se, entre 2010 e 2020,
reduzir em 20% a emissão de gás
carbônico em níveis de 2005. Esse
éoobjetivodoqueeleschamamde
Nova EconomiaVerde.
PERCIVAL
–ComoéqueoGoverno
e o Estado chegam lá? Com inova-
ção tecnológica voltada para uma
necessidade humana.
GRACIOSO
–Oqueeuqueriaenfa-
tizaré–decerta formadesmentindo
o que disse quando comentei que
“faltam iniciativas governamentais”
– que estamos dando um exemplo
que talvez outros Estados sigam,
no futuro. O problema, Percival, é
saber como isso será transformado
em realidade.
JRWP
– Uma coisa queme assusta
é que, numa economia como a do
Brasil,apróprianoçãode lucronun-
ca foi totalmente aceita pela socie-
dade.Outras sociedades, chamadas
demais evoluídas, já passaram por
esseprocessodo lucro,doprogresso
econômico,doempreendedorismo.
Tenho um pouco de receio quando
vejoasONGs,osdefensoresdoam-
bienteeda responsabilidade social,
fazendo esse tipo de referência, ou
seja, de que a empresa é por natu-
reza predadora.
DENIS
– Queria pegar esse ponto.
Aempresa semprevai buscar lucro,
não existe nenhuma empresa que
funcione pelo desenvolvimento
em geral. É o motor da economia.
Não cabe à empresa deixar de ter
lucro ou ter a preocupação social
primeira. O que cabe, realmente,
é a regulação pelo Estado. No
fundo, aUnilever está voltada para
o meio ambiente porque ela quer
captar esse ambiente politicamente
correto que está se desenvolvendo,
esse é o mercado que ela tem em
vista. Estamos vivendo – sobretudo
aqui no Brasil – um momento de
um ambientalismo xiita, que não é
novo, historicamente, e gostaria de
frisar isso. Ele é muito semelhante
aoque sedesenvolveunaAlemanha
nazista, de 1936 a 1939. Tinha até
Orcus (Deusdo submundonaMito-
logia Romana). Pega o romantismo
alemão,WaltherRathenau (estadista
alemãopioneirodo conceitode ra-
cionalização industrial), tambémem
relaçãoaos indígenasquequerema
preservação completa da natureza.
Depois, vêmaquelaspessoascontra
o capitalismo, contra a técnica que
faz parte do imaginário de Martin
Heidegger (filósofoalemão)nopon-
to de vista filosófico e do nazismo.
Fico muito preocupado com isso
no Brasil, citando casos que foram
paradigmáticos alguns anos atrás:
aqui era proibido fazer pesquisa
transgênica. Claro que eles diziam
que era permitido, mas com um
princípio de precaução que signi-
fica: “prova que não fazmal.”Mas
umaprovaprecisadealgoconcreto
e não existe prova universal de que
isso jamais fará mal. As pessoas
não falam que, sem essa pesquisa
transgênica, você não produz insu-
lina, por exemplo.As pessoas estão
preocupadas comaMonsanto,mas
o problema é o mesmo. Hoje, no
Brasil existeumambientalismoxiita
próximodoecofascismo,doecona-
zismo como o que se desenvolveu
naAlemanha, que é contrao lucro,
contra o desenvolvimento, como o
José Roberto citou.
JRWP
–Alguns,nestemomento, são
anticapitalistas, contra o sistema.
DENIS
– Anticapitalistas, claro.
O Ismael falou de um problema
“vamos preservar a Amazônia”, e
o que fazer com os 20 milhões de
habitantes da Amazônia? Colocar
num navio e exportar para a Ingla-
terraouparaaFrança?Sãoospaíses
queestão liderandoacampanhaque
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