Revista ESPM Mai-Jun 2012 - NEM BABÁ, NEM BIG BROTHER a eterna luta do indivíduo contra o Estado - page 104

Revista da ESPM
|maio/junhode 2012
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economia
o que considera a última peça de sua trilogia,
The mechanis-
ms of governance
(Williamson, 1996).
O estudioso baseia as suas contribuições da TCT
acerca de premissas centrais, tais como a racionalidade
limitada, a assimetria de informação e o oportunismo.
Ele resume o oportunismo a um comportamento como
mentir, roubar, lograr, formas sutis de enganar, revelar
informação de forma distorcida ou incompleta, ofuscar
e confundir. É conveniente lembrar que não são todas
as pessoas que se comportam de maneira oportunista
o tempo todo, mas sim algumas e algumas vezes, o que,
mesmo dessa forma, pode ser um grande problema para
o desenvolvimento das redes.
Os custos de transação tambémsão influenciados pela
especificidade dos ativos, frequência das transações,
incerteza e complexidade do ambiente e quantidade de
agentes envolvidos na transação. Os atores econômicos
irão escolher a estrutura de governança (mercado, híbri-
da ou hierarquia) capaz de reduzir possíveis problemas
transacionais, criados pela racionalidade limitada, de
um lado, e pela ameaça do oportunismo, de outro, a um
menor custo. A figura abaixo apresenta com propriedade
as diferentes estruturas de governança mencionadas.
Ainda no que se refere à estrutura de governança, por
mais que se deem créditos acadêmicos a Williamson
no que se refere à forma híbrida entre mercado e hie-
rarquia, deve-se a Thorelli, no seu artigo publicado em
1986, a aproximação do conceito da forma híbrida de
Williamson comos estudos de relacionamentos interor-
ganizacionais. É bem verdade que no estudo original de
Thorelli (1986), o autor ainda enquadrava os diferentes
relacionamentos interorganizacionais como redes de
empresas. Somente nos dias atuais é que a classificação
está mais clara para os acadêmicos e pesquisadores.
Para Thorelli, a forma híbrida passava por um processo
cooperativo entre empresas.
Nessa altura da discussão e dado um esclarecimento
sobre qual lente de análise será pautado esse artigo,
retoma-se o argumento inicial: “A nova economia ins-
titucional e o papel das instituições – os interesses das
empresas não devem conflitar com os interesses cole-
tivos”. Diante do explicitado e ancorado no arcabouço
teórico da Teoria dos Custos de Transação, defende-se
o papel de uma estrutura híbrida para o entendimento
e para a convergência dos propósitos organizacionais/
empresariais e coletivos.
Incutido no argumento de Thorelli, uma das formas de
estruturasdegovernançaqueemergenaestruturahíbridaé
agovernançaderede.SegundoCandace,HesterlyeBorgatti
(1997, p. 914), governança de rede “implica a existência de
um grupo específico, persistente e estruturado de empre-
sas autônomas (bem como agências sem fins lucrativos)
envolvidas na criação de produtos ou
serviços baseados em contratos implíci-
tos e abertos, emcondições de se adaptar
às contingências ambientais ecoordenar
e salvaguardar as trocas. Tais contratos
são elos sociais e não legais”.
Para Fombrun (1982), redes são como
um conjunto de nós interconectados,
possibilitando que esse conceito amplo
seja utilizado em diversas áreas do co-
nhecimento. NitinNohria (1992) afirma
que, embora não constitua uma ideia
recente, visto que o conceito de rede
é empregado na teoria organizacional
desde o começo do século 20, a união de
empresas com o objetivo de obter solu-
ções coletivas, que individualmente se-
riam impossíveis, vem recebendo uma
maior atenção dos estudos e práticas
organizacionais nas últimas décadas.
Custos da estrutura
de governança e
especificidade de ativos
Especificidade de ativos
Mercado
Híbrida
Hierárquica
Estrutura de coordenação
Fonte:
Williamson (1991), adaptada pelos autores
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